Sérgio Azevedo
Os primeiros seis meses de governo de
António Costa têm sido um amontoado de ilusões que, fruto de uma máquina
propagandística bem oleada e de um certo amparo de alguma comunicação social,
nos tem feito crer que, de facto, as nossas vidas estão a melhorar e que a
situação económica do país recupera e sobrevive com sanidade à pura e simples
destruição das reformas implementadas pelo governo anterior – no fundo, a ideia
de que a nossa recuperação era possível sem o caminho difícil que trilhámos.
Ora nada é mais ilusório e
alguns dados da prestação económica portuguesa confirmam-no.
Em seis meses, o volume de
negócios caiu 5,7%, com a confiança dos consumidores a recuar a 2013. O défice
cresceu 108 milhões de euros em relação ao ano anterior e a divida pública
aumentou 1,7 mil milhões. As exportações caem 3,9% e as importações 0,8%, e o
desemprego aumenta para 12,4%.
Claro que, para este governo
ilusionista, o aumento do desemprego atribui-se ao aumento da população ativa.
Mas os recentes dados do INE demonstram precisamente o contrário,
desmentindo-os categoricamente. A verdade é que em seis meses se destruíram em
Portugal cerca de 48 mil empregos – um número preocupante para quem afirmava
criar, só durante este ano, cerca de 40 mil.
Óbvio que, enquanto surgem estes números, o governo, cuja atividade legislativa neste primeiro semestre foi inexistente, entretém-nos com vacas a voar. O problema é que o sítio onde as vacas voam é ficcional e imaginário. O nosso mundo, o nosso dia-a-dia é real e, quando isso se perceber, as vacas acabarão por cair – e aí talvez seja tarde demais.
Título e Texto: Sérgio Azevedo, jornal “i”, 24-5-2016
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