Cesar Maia
1. Certamente Temer nunca conversou com Brizola sobre Cultura e
Política e a arte de governar. Se o tivesse feito, nunca teria decidido por
incorporar o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação.
2. Numa conversa com Brizola, Darcy Ribeiro já vice-governador, ao
qual era subordinada à Secretaria Estadual de Cultura, tentava justificar uma
ampliação das atribuições, recursos e programas para a Secretaria de Cultura.
3. Brizola, com muita tranquilidade e respeito que tinha por Darcy,
argumentou placidamente: Darcy, na Cultura cada cabeça é uma sentença. A
liberdade que todos têm no exercício da sua arte é pessoal. Um pensa de uma
maneira e outro pensa de outra.
4. E arrematou: Quando agradamos algum artista ou intelectual ou
promotor com medidas que tomamos ou recursos que aplicamos, desagradamos a
muitos. Introduzimos novos programas e orçamento e o desgaste será certo. É
melhor deixar como está.
5. E Darcy argumentou: E nada muda? Brizola contra-argumentou:
Repare, Darcy, que muitos programas e iniciativas são decididos pela iniciativa
privada com subsídios governamentais via isenções parciais de tributos. Com
isso, os artistas, produtores, promotores e intelectuais vão disputar os
recursos fora do governo, embora os recursos sejam em boa parte do governo. É
melhor ampliar esses programas e influenciar as empresas e não entrar em bola
dividida.
6. Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso nomeou o
politólogo Francisco Weffort para Ministro da Cultura, as atividades
governamentais na Cultura perderam ativismo e disputas por recursos e
definições de prioridades, e os conflitos foram minimizados. Os subsídios permaneceram
como o caminho. Reinou a paz. E as conversas com o presidente intelectual FHC
eram sempre agradáveis.
7. Temer, ao incorporar o Ministério da Cultura ao Ministério da
Educação, terminou produzindo conflitos potenciais, afetando as expectativas. E
criou a sensação de rebaixamento do status da Cultura.
8. Certamente Temer nunca conversou com Brizola sobre Cultura e
Política e, provavelmente, nem com FHC. Poderia fazer a mesma coisa que fará
com apenas uma remuneração maior de ministro. A hierarquia seria política e
corrigida com a troca de ministro quando e se necessária. Tocou, interpretando
Brizola, num vespeiro.
9. E, no final de tudo, Temer recriou o Ministério da Cultura.
Título e Texto: Cesar Maia, 23-5-2016
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BRIZOLA destruiu o Rio de Janeiro, foi um meliante, um crápula corrupto.
ResponderExcluirNós temos crises de avaliações.
Se algum dia ele tivesse sido presidente, não seria diferente da mula retirante nordestina, seria pior, os pelegos seriam maiores e mais cultos.