Luciano Henrique
A entrevista do senador
cassado Delcídio Amaral [foto] ontem ao Roda Viva simplesmente explicou detalhadamente
aquilo que todos já sabíamos: “nunca antes neste país” a corrupção foi tão
sistematizada. Embora sempre presente, ela se tornou um modelo sistêmico
somente no governo do PT. Leia mais:
O senador cassado Delcídio
Amaral (sem partido-MS) disse que o PT “não inventou a corrupção na Petrobras”.
Delcídio, que atuou durante décadas no setor energético, afirmou contudo que,
com o Partido dos Trabalhadores, houve uma “sistematização” da atuação
partidária para operar desvios na Petrobras e em outras estatais.
Realmente, esse processo foi
num crescendo. Qual a diferença (em relação a governos anteriores)? Começou a
haver uma espécie de atuação sistêmica nas diretorias e atuação partidária
muito mais ampla, concatenada, com participação das principais lideranças
partidárias que compunham a base do governo Lula e Dilma. Deu no que deu”,
afirmou o senador cassado.
Segundo Delcídio, desde o
governo FHC, Itamar e anteriores, havia corrupção nas estatais, mas não de
forma tão sistematizada. Para explicar, ele relata que governos anteriores ao
PT não chegavam ao “detalhe” de indicar gerentes e chefes de departamento
ligados a partido. “O diretor ajustava sua equipe, não tinha isso de colocar em
todos os espaços alguém ligado a partido”.
Lula e Dilma sabiam.
Questionado se corroborava a
afirmação de que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção, Delcídio repetiu
que sim. Para o ex-senador, a argumentação de que Lula não sabia dos desvios ou
que Dilma recebeu um parecer “falho” para decidir sobre o investimento na
refinaria de Pasadena é assumir que as pessoas são “idiotas”. “Tenha paciência,
é achar que todo mundo é ignorante, idiota. A Petrobras sempre foi do
presidente.
“Presidente do Conselho da
Petrobras, à época da aquisição de Pasadena, Dilma alegou ter recebido um
parecer falho da diretoria Internacional para chancelar o negócio. Segundo o
Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria rendeu um prejuízo de quase
US$ 800 milhões à Petrobras. “Nas estatais, especialmente na Petrobras, não há
a possibilidade de você levar um processo (parecer) incompleto pra diretoria,
pro conselho de administração”, afirmou Delcídio ao citar todas as instâncias
internas da companhia pelas quais passam esse tipo de documento. Questionado se
a então presidente da República mentiu sobre o caso, Delcídio respondeu
afirmativamente. “Absolutamente, ela não assumiu a responsabilidade que era
dela.
“Delcídio repetiu também a
alegação que, sob comando direto de Dilma, negociou a indicação de Marcelo
Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em troca da decisão favorável
a liberação da prisão de empreiteiros implicados na Lava Jato. Segundo o
ex-senador, ele cobrou em conversa com Navarro, no térreo do Palácio do
Planalto, em uma “salinha”, que ele cumprisse o compromisso de liberar
determinadas pessoas que estavam presas em Curitiba. “Ele disse: Sei muito bem
da minha tarefa. Eu fui chamado na época de mentiroso, mas o tempo é o juiz das
coisas. O Marcelo Odebrecht, em delação agora, confirmou essa história.
“Sobre Lula, Delcídio repetiu
que o petista pediu que ele solucionasse o “problema” com Nestor Cerveró – que
estava preso e com suspeita que fecharia acordo de delação. “Ele (Lula) me
disse: precisamos resolver essa questão.”
As delações deste moço têm realmente
muito a colaborar para o Brasil, pois, como se diz acertadamente por aí, a
verdade liberta.
Via Luciano Henrique, Ceticismo Político, 17-5-2016
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