Segundo a generalidade da nossa comunicação social,
televisões à cabeça, o partido do senhor Wilders sofreu uma estrondosa derrota
e é o fim da "extrema direita" e do "populismo" e de mais
uns ismos da ladainha habitual.
Ora, é verdade que o senhor Wilders perdeu as eleições e
terá ficado num catastrófico segundo lugar, como segundo partido mais votado.
Um looser, portanto.
Curiosamente, a mesma trupe jornalística tece
hiperbólicas loas à genialidade do nosso primeiro-ministro, um vencedor, um táctico
brilhante, um salvador, porque o seu partido perdeu as eleições e ficou em
segundo lugar, como segundo partido mais votado.
As narrativas são tramadas.
Na Holanda segundo os génios dos media, ficar em segundo
é uma trágica derrota, que mostra que a mensagem foi derrotada.
Em Portugal, ficar em segundo é uma prodigiosa vitória,
que mostra que os portugueses rejeitaram o vencedor.
Fica provada a teoria da relatividade jornalística.
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ResponderExcluirTerras rasteiras
ResponderExcluirVitor Cunha
Salvamos a Holanda da “extrema-direita”! Foi graças ao nosso empenho na luta contra o “populismo” e na defesa da “democracia” e “pluralidade” que conseguimos, mais uma vez, derrotar os “fascistas” “xenófobos”, “homofóbicos”, “heteopatriarcais” e “misóginos”.
Com o resultado “histórico” que os “progressistas” holandeses obtiveram será possível assegurar a “liberdade”, o “direito internacional” e a “decência”, contrariamente aos desejos dos retrógrados “legalistas”, “economicistas” e “nacionalistas” que obtiveram o segundo lugar e que, estranhamente, não encontraram marxistas-leninistas, trotskyistas e outros dementes para se coligarem numa “histórica” “vitória” da “pluralidade”, “centralidade” e “respeito democrático” que permitisse alcançar a “esperança”.
Vitor Cunha, Blasfémias, 18-3-2017
https://blasfemias.net/2017/03/18/terras-rasteiras/