A perseguição do STF a inocentes e a aceitação da denúncia contra Jair Bolsonaro estão entre os destaques desta edição
Há quase seis anos o Congresso contempla com olhar bovino a punição de parlamentares por discursos no plenário ou a prisão de alguns pelo inexistente crime de opinião. Também assistem sem espanto ao avesso das coisas. Decisões do Poder encarregado de legislar são modificadas pelo Poder encarregado de defender o cumprimento das leis.
Neste momento, os deputados federais têm outra chance de frear a escalada autoritária promovida pelo consórcio Lula-STF e reconquistar a confiança da sociedade. A reportagem de capa desta edição, assinada por Silvio Navarro, mostra que Hugo Motta tem de escolher imediatamente o caminho que pretende seguir.
Para eleger-se presidente da Câmara com o apoio da oposição, ele prometeu colocar em votação o projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro. Há poucos dias, mudou de opinião. Depois de um jantar na casa de Alexandre de Moraes, em companhia de outros ministros, Motta leu um confuso discurso no plenário em que negou a existência de perseguidos, exilados políticos e castigados por crime de opinião.
Nesta quarta-feira, 2 de abril, o presidente da Câmara recebeu em mãos um dossiê divulgado pela Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro. Entre outros abusos e violências, o documento detalha casos de presos políticos que necessitam de tratamento médico urgente. São pelo menos 20, como demonstra a reportagem de Cristyan Costa.
Uma dessas vítimas é o professor aposentado Jaime Junkes, de 69 anos, que luta contra um câncer de próstata em estágio avançado. Junkes conseguiu o benefício da prisão domiciliar depois de Oeste revelar sua precária condição de saúde. Há uma semana, entretanto, foi condenado a 14 anos, e Alexandre de Moraes mandou prendê-lo.
Ao saber que policiais estavam na porta da sua casa para devolvê-lo ao cárcere, Junkes sofreu um infarto e precisou ser hospitalizado. As graves doenças que enfrenta o obrigam a usar fraldas geriátricas e uma sonda para conseguir urinar.
Além da feroz perseguição a pipoqueiros, vendedores de picolés, motoboys, donas de casa e cabeleireiras, os brasileiros que pagam impostos e cumprem a lei agora são obrigados a conviver com o cerco aos pais que escolhem não vacinar os filhos com idade entre 6 meses e 5 anos contra a covid-19. Nem sequer a Organização Mundial da Saúde recomenda a vacinação para crianças saudáveis, mas o governo Lula incluiu o imunizante no Programa Nacional de Imunização (PNI), conta a repórter Loriane Comeli.
Esse painel de horrores agora
inclui o estímulo à delação vergonhosa, que surgiu durante a pandemia e ameaça
perpetuar-se nessas paragens. Dezenas de famílias viraram alvo da caçada
promovida pelo Ministério Público e por conselhos tutelares, com base em
denúncias de escolas que exigiam a carteira de vacinação da criança.
Decididamente, no Brasil o passado não passa.
Boa leitura.
Branca Nunes, Diretora de Redação, Revista Oeste, 4-4-2025
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