Atual vice pode ter de assumir a
Presidência em três semanas; é claro que tem de começar a escolher os nomes
Reinaldo Azevedo
Ah, tenham a santa paciência!
Há que haver um limite para a tolice, acho eu. Vamos ver. Presidentes no Brasil
são eleitos em outubro. Tem dois meses para fechar seu ministério. Na verdade,
no mais das vezes, esse tempo é bem maior porque, bem antes, o resultado final
não é assim tão incerto. Tomem o exemplo de Dilma: liderou a corrida quase todo
o tempo em 2014 — com expectativa, durante boa parte, de vencer no primeiro
turno.
Michel Temer está prestes e
assumir a Presidência da República. Pode acontecer em três semanas. Será mesmo
que ele comete alguma falha que possa ser chamada de conspiração ou açodamento
ao tratar de nomes para seu futuro governo?
A resposta, obviamente, é
negativa. Queriam que ele esperasse o quê? Quer dizer que, então, primeiro assumiria
para só depois pensar nisso? Ora, tal prática não seria decorosa, mas apenas
tolo.
Entre os nomes cogitados para
a equipe estão Alexandre Morais, Ilan Goldfajn, Amaury Bier, Murilo Portugal,
Marcos Lisboa, Sérgio Amaral, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, Ayres Britto,
José Serra… Tudo está ainda no terreno da especulação. Mas vamos convir: se a
coisa transitar por aí, na comparação com a maioria da atual equipe, estamos
diante de uma verdadeira academia de Platão.
A equação não é fácil. Há o
desafio imenso que é responder à barafunda que aí está, a necessidade de
escolher nomes que consigam juntar competência técnica e representatividade
política e, obviamente, será preciso ter um ministério que conte com o apoio
dos partidos da base.
A escolha dos ministros, por
sua vez, induzirá a nomeação de segundo e terceiro escalões. Ora, se Temer não
começa a cuidar agora dessa questão, vai fazê-lo quando?
Se pode haver alguma dúvida
remota sobre a condenação da presidente pelo Senado — são necessários 54 votos —,
ninguém duvida que, por volta do dia 11, por maioria simples, a Casa aceite a
denúncia, o que obrigará Dilma a se afastar.
E, como diria Lula, isso
acontecendo, podem esquecer: não tem volta. Já se terá um novo governo.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA,
20-4-2016
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