Cláudio Magnavita
A GOL Linhas Aéreas Inteligentes
está enfrentando um cenário hostil, até então desconhecido pelas empresas
nascidas após a era VARIG/VASP/TRANSBRASIL.
O cenário que temos hoje na
aviação brasileira é uma reedição das hostilidades de regras de mercado que
abateram as três gigantes daquela era.
A perversa equação que inclui:
custo Brasil, desvalorização da moeda nacional, dolarrização da moeda nacional,
dolarização dos insumos e crise econòmica são exatamente os mesmos.
Quando a GOL, AZUL e AVIANCA
surgiram, encontram uma TAM em reestruturação e a caminho de um crescimento
vertiginoso, que serviu como remédio para a exposição anterior aos mesmos
problemas. Ao criar massa crítica e virar a líder do mercado, a TAM, hoje
LATAM, foi levada a se fusionar com a chilena LAN e pode cicatrizar parte da
exposição anterior. Parecia que o mercado estava saneado e tínhamos empresas
realmente sadias.
O que resultou a exposição
destes CNPJs há 10 anos de uma cruel realidade brasileira?
A GOL foi criada a partir do
zero, com beneplácito do Poder Concedente que lhe outorgou rotas inimagináveis
para uma entrante.
Cresceu ganhando dinheiro em
uma economia que crescia e com a inclusão de novos CPFs ao mercado de
passageiros. O resultado foi exitoso. Virou case
mundial.
Hoje, ao apresentar um dos
maiores prejuízos da história da aviação, vira case mundial do colapso
financeiro que só lhe dá tranquilidade a curto prazo. Para médio e longo o
cenário é crítico.
A situação é realmente grave.
Se o barril de petróleo estivesse a 100 dólares o colapso seria absoluto. Se
reeditarmos os pregos usados para crucificar os gestores da VASP, TRANSBRASIL
e, especialmente, da VARIG, podemos dizer que é um problema de má gestão. De
gestores incompetentes e de acionistas descuidados. Mas será isso? Será essa a
sina das empresas aéreas brasileiras? Estar nas mãos de incompetentes?
Com uma análise mais fria e
com lupa, chegamos a concluir exatamente o contrário. O Brasil possui
excelência na gestão de empresas aéreas, com executivos capazes de manter as
companhias voando e com elevados índices de segurança, apesar do cenário hostil
que enfrentamos. A turma da VARIG conseguiu isso no passado até a invenção “dos
notáveis” que enterraram a empresa.
A GOL é hoje uma empresa
fundamental para o modal aéreo do país. A sua delicada situação financeira é um
problemão para todos nós e não apenas para os seus acionistas e executivos.
Dependemos do transporte aéreo. Todos os PACS da vida foram incapazes de
desnvolver o transporte ferroviário e outros modais necessários para um país
continental.
A dolarização da aviação é um
câncer quando a nossa moeda esfarela e não se tem um read em moeda forte. O
quadro fica mais grave quando o mercado encolhe. Mais grave ainda quando o
custo tributário e de infraestrutura dispara.
O que temos hoje é um quadro
já vivenciado no passado por dezenas de executivos, que foram heróis e acabaram
aposentados com o carimbo injusto de incompetentes. Foram heróis. Falta na
aviação cabelo branco. Tirar as soluções que foram pensadas no passado e nunca
colocadas em prática por grave omissão do poder concedente.
A situação delicada que temos
hoje é muito preocupante. Não podemos ser o país, que a cada ciclo de 15 anos
devora as suas companhias aéreas. Este é um grande problema para todos nós e
terá reflexo sério na nossa balança cambial, nos deslocamentos domésticos e da
nossa dependência do modal aéreo.
Título e Texto: Cláudio Magnavita, jornalista
especializado em aviação. Publicado no “Jornal de Turismo”, edição nº 765,
março de 2016
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