sábado, 11 de fevereiro de 2017

Golo decorrente da marcação de um Kant de Costa

Vitor Cunha
Continua a discussão sobre se Centeno mentiu, se não mentiu, se o Presidente sabia, se não sabia, se as provas publicadas são provas, se não são… Uma confusão e desperdício de tempo. É claro que mentiu: toda a história é mais que óbvia, independentemente das narrativas da era da pós-verdade que reconfiguram mentiras em inverdades. A questão não é se mentiu – porque mentiu: a questão é porque é que ninguém se importa por ter mentido.

Ilustração: Henrique Monteiro

A explicação é simples: não estamos a ser governados, isso é um mero sub-produto de uma necessidade; a Geringonça não existe para providenciar governo – daí que não se critique o governo, que não é bem um governo –, existe para nos livrar desse terrível Mal que é ser governado pelo Passos Coelho. Tudo é permitido a este “governo”. Mentir sistematicamente, omitir deliberadamente e dizer que “abandono escolar aumentou porque desemprego juvenil diminuiu” sem a demolição do Carmo e da Trindade é feito em nome de um Bem maior: livrar-nos do Passos Coelho.

Não era o abracadabrante que adorava Kant? Imperativo categórico é isto, é o dever do dr. Costa em tudo fazer para cumprir o desejo universal da humanidade, o de se ver livre do Passos Coelho. E, como se sabe, pela universalidade, os fins justificam sempre os meios. 
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 11-2-2017

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