segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os assanhados

Vocês devem imaginar o que tenho recebido na área de comentários, não? É uma coisa fabulosa! A rede petralha está num assanhamento ímpar. E sua reação é curiosa: essa gente escreve como se a dianteira de Dilma no Ibope — e vamos ver onde mais — fosse uma questão de “justiça”. No subtexto de boa parte das mensagens bucéfalas está a avaliação de que o tucano José Serra está tentando roubar um lugar que:
a) pertence naturalmente a Lula;
b) não podendo ser ocupado por Lula, então fica com Dilma mesmo.
Não tratam o candidato tucano como um político, membro de um partido, que disputa a eleição e que, se derrotado, serve para legitimar a vitória da adversária. Não! Nada disso! Porque isso significaria que eles entendem como funciona a democracia. E, obviamente, eles não entendem. Se o que pensam virasse um “projeto”, a intenção não seria vencer o adversário, mas eliminá-lo.
O governo que defendem está no poder há oito anos, e eles ainda escrevem em clima de desforra, como se estivessem se vingando — acreditem: alguns deles ainda dizem que é preciso pôr fim a 500 anos de desmandos…  E, como de hábito, antevêem o meu destino trágico: não vou mais, asseguram, poder fazer o meu blog porque, no novo — que novo? — amanhã, não haverá lugar. E aproveitam para listar uns dois ou três outros colegas que pretendem mandar junto para o forno.
Não é um sentimento que nasce do nada, que brota espontaneamente. Ao contrário: infelizmente, ele é estimulado pelo discurso oficial. O famoso bordão “nunca antes na história destepaiz” apela justamente a este sentimento. A vocação inaugural expropria a história do país e a torna matéria privada, primeiramente, de um homem — Lula — e, secundariamente, de um partido: o PT. Como eles portam o bem, o que sobra é naturalmente o mal e tem de ser destruído. A menos que o sujeito escolha o caminho da abjuração.
Pois é… Vença quem vença, essa gente vai me encontrar na rede. E já escrevi antes: no que diz respeito ao ofício em si, um eventual governo Dilma pode ser até mais divertido. Eu creio que ele tenderia a oferecer mais, como posso dizer?, motivos!
Reinaldo Azevedo, 28 de junho de 2010

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