Dilma, o óvulo e o espermatozóide

domingo, 20 de junho de 2010 | 7:29

Por Reinaldo Azevedo

O El País publicou ontem uma entrevista de Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência. Huuummm…  Dilma pode não ter herdado ainda nenhuma das qualidades, digamos, teatrais do chefe, mas já exibe os seus defeitos com notável desenvoltura. Para destacar a importância da mulher na sociedade, afirmou esta batatada:

“52% da população [no Brasil] somos mulheres, e os 48% restantes são nossos filhos (…). Lula tem muita sensibilidade com este tema e foi criado por uma mulher forte”

Entendo! A frase é de tal sorte inteligente que corresponde a afirmar que só 48% dos brasileiros têm ou terão espermatozóides, mas que 100% foram gerados a partir de um. Essas tolices pomposas me enchem de alegria e preguiça. Leiam o que vêm na seqüência:

El País - Não teme que a sombra de Lula prejudique sua carreira?

Dilma - Sou a ministra da Casa Civil. Sou quem coordena os ministros e os principais projetos do governo. Trabalhei intimamente com o presidente Lula nos últimos cinco anos e meio. Seu êxito é o meu. Tenho sido seu braço direito e esquerdo. Ele não será ministro se eu chegar ao governo, mas estarei sempre aberta as suas propostas. Teremos uma relação muito forte.

Comento

Sim, Dilma respondeu assim mesmo, no presente, o que levou o entrevistador, Fernando Gualdoni, a afirmar na abertura que ela ainda é ministra da Casa Civil. Faz sentido. O governo está em campanha, e a máquina está mobilizada como nunca — inclusive nesta sua viagem à Europa.

A resposta também pode marcar uma inflexão na campanha. Pelo visto, Dilma vai começar a se apresentar como sócia de Lula, não mais apenas como o nome “que preenche o vazio da cédula”, daí esse negócio de “braço direito e esquerdo”.

Só para registro: ela defendeu o programa nuclear iraniano. Como se vê, impecável em repetir os defeitos.