Não vamos sair tão caro assim

Reformados da Função Pública

Isabel Stilwell, Destak, 14-09-2010

Hoje há boas notícias, pelo menos para alguns. Um estudo publicado na revista Science, por investigadores norte-americanos e australianos, vem dizer que afinal o custo de sustentar os mais velhinhos nos países industrializados não vai ser tão elevado como se supunha. Por outras palavras, dizem aos mais novos que não vão gastar tudo o que ganham a sustentar uma terceira idade decrépita e que teima em não morrer.

Isto porque concluíram que as contas têm sido feitas com base em indicadores baseados na idade cronológica, partindo do princípio de que as pessoas com mais de 65 anos eram já idosos a precisar de muitos cuidados médicos, e de cuidados progressivamente mais dispendiosos, o que actualmente já não é verdade.

Pior ainda, multiplicavam-se estes custos por muitos mais anos de vida, tendo como resultado um peso imenso sobre o sistema de pensões e segurança social. Ora, dizem os especialistas, na prática a maioria das pessoas com mais de 65 anos continuam produtivas e saudáveis, sendo por isso necessário actualizar o indicador tradicional por um que seja reflexo da relação entre aqueles que precisam de cuidados e aqueles que são capazes de os dar.

Com esta troca, asseguram, a velocidade de envelhecimento é reduzida em três quartos, comparativamente com o rácio convencional, e escusamos de nos assustar todos a pensar de onde virá o dinheiro. Quanto aos que se preparam para entrar na antiga Terceira Idade, têm o prazer de rejuvenescer oficialmente.

Mas quem deve adorar esta ‘descoberta’ são os nossos políticos, que andam à procura de qualquer desculpa para não nos pagar a pensão, mantendo-nos alegremente no mercado de trabalho. No Reino Unido, na Alemanha e nos EUA já anunciaram que daqui a entre 20 e 30 anos, a idade da reforma passará para os 68 anos. Suspeito, no entanto, que o eng. Sócrates* não quererá esperar tanto tempo. 

* Primeiro-ministro de Portugal