segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

"para os colaboracionistas do regime de exceção brasileiro, não basta censurar, sufocar e constranger seus adversários"


Leandro Ruschel

O Globo deixou há muito tempo de ser apenas um jornal: tornou-se o centro nervoso da propaganda do regime, uma metástase que corrói o debate público e legitima a perseguição política no Brasil. Agora, em mais um editorial vergonhoso, exige que o Estado puna aqueles que não impediram a “fuga” de Ramagem. 

A mensagem é clara: para os colaboracionistas do regime de exceção brasileiro, não basta censurar, sufocar e constranger seus adversários dentro do território nacional. Eles querem transformar o planeta inteiro em território de caça, exportando a repressão e pressionando outros países a cooperarem com a perseguição. 

Ramagem é apenas mais um entre centenas de exilados políticos produzidos pela nova máquina autoritária brasileira. E, ironicamente, nem a ditadura militar chegou a tal grau de obsessão. Naquele período, muitos exilados puderam reconstruir suas vidas e trabalhar com dignidade no exterior.

Darcy Ribeiro assessorou governos latino-americanos e lecionou em universidades no Uruguai, na Venezuela e no Chile.

Miguel Arraes viveu 14 anos na Argélia, atuando como consultor e articulador político.

Leonel Brizola, depois do Uruguai, permaneceu plenamente ativo nos Estados Unidos até seu retorno triunfal ao Brasil, após a Anistia.

Artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil floresceram em Londres, ampliando sua influência global.

Intelectuais como Paulo Freire e Celso Furtado se tornaram referências mundiais enquanto o regime brasileiro tentava silenciá-los. 

Hoje, porém, o país vive algo ainda mais sinistro: a perseguição não termina na fronteira. O regime quer transformar o exílio — antes uma válvula de escape para a sobrevivência política — em mera extensão da prisão. A intenção é inequívoca: enviar ao mundo a mensagem de que nenhum opositor está seguro, em lugar algum. 

Esse esforço calculado busca instaurar a espiral do silêncio, na qual as pessoas deixam de falar por medo, por saberem que o Estado e seus braços midiáticos estão dispostos a atravessar oceanos para calar dissidentes. É assim que as ditaduras se consolidam: não apenas punindo vozes de oposição, mas tornando o próprio ato de discordar em risco existencial. 

Os editoriais do “jornal”, assim como o restante dos veículos do grupo, revelam que a Globo hoje atua como porta-voz de um autoritarismo crescente — empenhada em normalizar o inaceitável e pavimentar o caminho para uma repressão sem limites.

Texto e Imagem: Leandro Ruschel, X, 30-11-2025, 16h02 



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