terça-feira, 23 de dezembro de 2025

[Livros & Leituras] Madame Bovary

Madame Bovary, Gustave Flaubert, Círculo do Livro, São Paulo (por cortesia da Livraria Martins Editora), 266 páginas. 

«Madame Bovary sou eu», disse uma vez Flaubert, a quem o êxito do seu romance publicado em 1856 acabou por irritar, de tal modo eclipsou os seus outros livros.
Ema Bovary persegue a imagem do mundo que lhe é dada por uma certa literatura desligada da realidade. Arrastada pelas suas ilusões, a mulher do prosaico Carlos Bovary imagina-se uma grande amorosa.
A realidade revela-se impiedosa. E, no entanto, Madame Bovary, na época judicialmente perseguido devido à sua «cor sensual» e à «beleza provocadora de Ema», está longe de ser essa lição de realismo que muitos nele quiseram ver.

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Ainda hoje, mais de 150 anos depois de ter vindo ao mundo, milhões de Bovarys por essas cidades fora choram e desesperam como chorou e desesperou a heroína deste romance. Atolada na mediocridade da vida quotidiana, entre um marido com poucas qualidades e uma solidão que a verga, Emma Bovary vai procurar no adultério a fuga de uma existência entediante.

De sonho em sonho, de esperança em esperança, até à ruína final. Quem nunca foi Bovary? Quando apareceu, rebentou o escândalo, o autor chegou a sentar-se no banco dos réus, acusado de atentado à moral. Não admira, a crítica aos costumes e à sociedade é impiedosa. Lida, comentada e reverenciada deste então, Bovary foi posta ao lado de Hamlet, Quixote ou Ulisses na galeria das grandes personagens da literatura universal.

É uma obra do cânone literário ocidental, cujo impacto e influência foram de tal ordem, que acabou por obliterar a restante obra do escritor.

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Uma estória de uma mulher adúltera, portanto, infeliz; ou, uma estória de uma mulher infeliz, portanto, adúltera.

👍👍👍 

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O Arquipélago Gulag 
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