A Alberto Caeiro
És pura sensação,
sem tradução.
o vento é só vento
a flor é só perfume e cor
vives em paz com a vida
como um gato, ou uma árvore
o presente para ti não se desfaz
o tempo não existe
desconheces a tristeza de olhar para trás
nunca mentiste.
A luz é a tua forma própria de oração a flor o teu incenso
o vento é só vento
e o teu nome é o seu canto
a voz pura do silêncio, e do espanto.
Dizes que pensar é estar doente dos olhos,
tu não pensas, vives.
és o nada luminoso que respira
és as folhas verdes que germinam
os peixes de escamas cintilantes
a luz que sobe cantando entre as colinas.
Respiras fora da substância do tempo
que atravessas indiferente
porque o vento é só o vento
no silêncio suave dos pomares
caminhas leve e sorridente
e na transparência da luz
és tudo, eternamente.
Alexandra Barreiros
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