Paulo Hasse Paixão
Mark Rutte quer convencer-nos que uma “guerra à escala que os nossos avós e bisavós enfrentaram” é inevitável, necessária e moral. Na verdade, trata-se de uma fabricação infame, para manter no poder uma elite profundamente corrupta e objetivamente ilegítima, disposta a matar-nos a todos para se cristalizar no poder
Repreendendo os parceiros da
aliança que não sentem a urgência da “ameaça russa”, afirmou:
“Somos o próximo alvo da
Rússia. Temo que muitos estejam silenciosamente complacentes. Muitos não sentem
a urgência. E muitos acreditam que o tempo está a nosso favor. Não está. O
momento de agir é agora. O conflito está à nossa porta. A Rússia trouxe a guerra
de volta à Europa. E precisamos de estar preparados.”
Não é fácil falsificar a
realidade assim tão completamente, num parágrafo apenas. A Rússia não trouxe a
guerra de volta à Europa. Foi o expansionismo imperialista da NATO que obrigou
a Rússia à guerra na Ucrânia.
E se hoje em dia há muita gente em Moscovo que de facto já está a pensar que terá que se preparar para uma guerra contra o Ocidente, essa ideia só se instalou por causa da belicosa, histérica, virulenta e arrogante reação do bloco ocidental às legítimas expectativas do Kremlin de manter uma mínima esfera de influência, num território que integra inclusivamente populações de etnia russa.
NOW - NATO Chief Rutte warns: "We need to be ready... Russia has brought war back to Europe, and we must be prepared for the scale of war our grandparents and great-grandparents endured." pic.twitter.com/STEvo8y3Zr
— Disclose.tv (@disclosetv) December 11, 2025
Rutte afirmou ainda que a
Rússia poderá estar pronta para utilizar a força militar contra a NATO dentro
de cinco anos, numa altura em que a guerra na Ucrânia não dá sinais de
abrandar, defendendo que limites de despesa em defesa deviam ser mais elevados e
insistindo que os membros da aliança devem alimentar uma “mentalidade de
guerra”.
Mais uma vez, o líder civil da
NATO mente com quantos dentes tem. A Rússia está mais que preparada para
enfrentar a NATO. É a NATO que não está minimamente preparada para enfrentar a
Rússia. E nem daqui a cinco anos estará. A não ser, hipótese que o ContraCultura
considera a mais plausível, que, talvez pela primeira vez na história
universal, uma civilização procure enfiar-se num conflito militar com o estrito
objetivo de dele sair derrotada.
A destruição é, como sabemos
ou deveríamos saber, o objetivo fundamental do globalismo transhumanista. E
nada há com maior potencial destruidor do que uma guerra com a Rússia ou com a
China, que promete em qualquer cenário a aniquilação civilizacional.
E dá sempre vontade de rir
quando ouvimos estas figuras ridículas, estes homens vis e fracos, que corriam
para um canto para se borrarem completamente na simples presença de Alexandre
ou de Pompeu Magno ou de George S. Patton, a encher a boca suja com expressões
como “mentalidade de guerra”. Rutte, que nem sequer cumpriu serviço militar, nunca deve ter
disparado um tiro na vida. E terá por certo uma crise cardíaca se estiver a
quinhentos metros de um espetáculo de fogo de artifício.
Mais à frente, o político que
os holandeses rejeitaram afirmou:
“Putin está a pagar pelo
seu orgulho com o sangue do seu próprio povo. E se ele está disposto a
sacrificar russos comuns desta forma, o que está disposto a fazer conosco?”
É, ao contrário, Mark Rutte e
a sua companhia satânica de líderes europeus que está a sacrificar o povo
ucraniano em nome de uma vil agenda de poder. É, ao contrário, Vladimir Putin
quem procura defender o povo russo e a nação que dirige da ameaça existencial
representada por organizações globalistas, por definição, inimigas da
humanidade, como a NATO.
Rutte está também a vender uma
iminente e alegadamente incontornável “guerra mundial”, sabendo perfeitamente o
que acontecerá à Europa nesse cenário dantesco, enquanto a restante turba de
líderes políticos ocidentais, com raras excepções, rejeita qualquer
plano de paz, dado que consideram intolerável a perspectiva de concessões
territoriais no Donbas e na Crimeia.
Não contente em desafiar a
Rússia para uma partida de extinção termonuclear, Rutte quer também fazer da
China um inimigo mortal, afirmando que Moscovo não seria capaz de conduzir a
guerra sem a ajuda de Pequim.
“A China é a tábua de
salvação da Rússia. Sem o apoio da China, a Rússia não poderia continuar a
travar esta guerra. Cerca de 80% dos componentes eletrônicos críticos em drones
russos e outros sistemas são fabricados na China. Portanto, quando civis morrem
em Kiev ou Kharkiv, a tecnologia chinesa está frequentemente presente nas armas
que os matam”.
Mesmo partindo do princípio,
altamente problemático, que a triste e sinistra figura manifesta nesta
afirmação um qualquer vestígio de verdade, é claro que o mesmo se pode dizer,
com inequívoco acerto, de muitos sistemas militares ocidentais, mesmo dos que
foram implementados pelo Pentágono. A tecnologia chinesa está basicamente em
todo o lado, e isso não é segredo.
E a Ucrânia, sem o apoio dos
EUA, poderia ter sobrevivido até agora à operação militar russa?
A quantidade de areia que
Rutte é capaz de projetar nos olhos de quem o ouve é absolutamente recordista.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
15-12-2025
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