Carina Bratt
‘A sua boca molhada, o silêncio entre respirações, a lua lá do alto nos observa. Engulo você.’Aparecido Raimundo de Souza, de ‘Viagem imersiva’
Árvore solitária
Raízes firmes, folhas conversam com o vento. O tempo repousa ali.
Preguiçosos
Sol na janela, loucuras e travessuras sonham quietas, o nosso mundo está em repouso.
Mar noturno
Ondas escuras, lua dança nas águas. Nosso mistério é profundo.
Café da manhã
O cheiro do nosso amor desperta a xícara quente na mão. O dia começa leve: eu vi você partindo...
Partida
Seus passos se afastam na sombra do horizonte da minha porta. O silêncio junto com o elevador se despedem.
Estação de trem
Apito longo, um adeus na plataforma, o vento leva vozes num vagão sem destino.
Partida no cais
Barco desliza suave. Meus olhos ficam na margem. Meu mar interior guarda segredos.
Despedida íntima
Eu me abro. Seu olhar se demora em meu regaço. O tempo que você me ama, se dissolve em suor. Me dá um banho.
Vendaval incontrolável
Folhas em fuga, o vento rasga o céu, ninguém o detém. Nem eu...
Inconcebível
Telhas voando, paredes tremem no ar, o tempo desmorona. Socorro!
Mar e tempestade
Ondas se erguem, vento açoita horizontes, o mar não se acalma.
Campo aberto
Grãos se dispersam, vendaval sem destino, terra se desnuda.
Chuva na janela
Pingos deslizam, vidro guarda o segredo, o mundo se dissolve. Vou junto...
Madrugada
Janela úmida, chuva risca o horizonte, sonhos se misturam. Você me amou. Fizemos amor como dois loucos e logo depois eu fiquei no vazio.
Dia seguinte
Porta fechada, o tempo não se move, a solidão me abraça. Você não voltou.
Espera
Relógio lento, cada segundo ecoa. E ninguém de você me aparece pra tocar a minha campainha.
Solidão
Estrelas frias, na noite sem resposta, o eco do nada. Nem a sua voz pra me fazer feliz. Ah, se eu te pego!
Descompasso
Passos contidos, o nosso encontro não acontece. Meu coração fica suspenso. Um dia que não finda.
Beijo molhado
Lábios se encontram, chuva dentro do abraço, o tempo se dissolve.
Chuva e paixão
Pingos caindo, um beijo molhado arde no céu da minha boca. O vento se cala.
Memória
Beijo molhado na lembrança que retorna. Flor que não se fecha, se abre feito mala velha. Morri? Não! Apenas fechei os olhos...
Suspensão
Tempo suspenso, um sopro que se apaga, olhos se fecham. Você vem junto.
Mistério
Folha caída, será fim ou repouso? O vento não responde.
Incerteza
Quem sabe o vento traga respostas perdidas, ou só o silêncio fale mais alto... só vou saber quando você me tocar...
Possibilidade
Talvez a lua, se incline sobre o nosso sonho, ou siga distante. Vou pagar pra ver...
Caminho
Pode ser que a folha do nosso amor caia no ralo do nosso banho demorado, ou como você, ela me faça voar grudada no regaço do seu chuveiro.
Último pedido
Porta fechada, palavras ficam suspensas, não me deixe só: volte, volte... me sinto morrer...
Eterna
Raízes profundas, mesmo após tempestades, a nossa árvore floresce. Estou grávida do nosso prazer.
Bicho solto (Lembrando a música nova do Roberto Carlos).
Como uma gatinha sapeca euzinha corro no campo aberto do seu corpo nu. Deslizo suave. Molhada pelo nosso amor, essa loucura insana me deixa sem amarras.
Entrega
Por fim, no abraço quente o meu gozo, no nosso suor é pura poesia. O seu amor rígido e engrandecido penetra em nós e ‘toda eu’ simplesmente floresce.
* Explicação necessária: Nella rotta errante delle stelle: No rumo andarilho das estrelas.
Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo, 21-12-2025
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