domingo, 7 de dezembro de 2025

[As danações de Carina] Pra ninguém dizer por ai que não falei de nós dois

Carina Bratt

Você é o meu corpo aberto em sorriso imorredouro.
Aparecido Raimundo de Souza, de ‘Viagem imersiva’

Natureza
Folha que dança, vento sopra suave, rio murmura. Eu nada ouço.
Amor e desejo
Toque que arde, silêncio nos envolve, olhos se buscam. Mas no momento da entrega, fugimos de nós mesmos. Sigo sozinha.

Tempo e memória
Relógio insiste, fotografia antiga, voz que retorna. Me assusto.

Universo
Noite sem fim, estrela se desfaz, lua repousa. Nela me vejo em solidão.

Brincadeiras
Boneca caída, risos no quintal, sol se esconde. Cadê você?

Descobertas
Primeira pedalada, vento corta meu rosto, o mundo se abre. Eu permaneço.

Doçura
Balas coloridas, mãos pequenas guardando gostos da infância não despregam de mim.

Escola
Lápis sem ponta, caderno cheio de sonhos, voz da professora. Eu lá fora, comigo mesma.

Mel e ternura
Gota de mel cai na boca, vira canto, doce silêncio.

Chocolate
Tablete parte, infância se revela, sorriso breve.

Frutas doces
Morango rubro, se desfaz na língua, sol de verão.

Bolos e festas
Velas acesas, bolo perfuma a sala, risos se erguem. Nenhum presente me chega.

Silêncio súbito
Relógio cala, um sopro se desfaz, noite sem fim. Rolo na cama.

Efemeridade
Flor se desprende, vento leva sem aviso, fim repentino. Eu fico.

Último instante
Som que se apaga, eco não retorna mais, tempo suspenso.

Mistério coletivo
Corpos em sombra, vozes se confundindo, ecos sem nome.

Enigma
Desejos ocultos, labirintos de gestos, chamas secretas. Me queimo.

Caos poético
Noite sem centro, movimentos dispersos, orgia indecifrável. Você me come...

Máscaras
Risos velados, máscaras se dissolvem, ninguém se revela.

Fúria das ondas
Mar se levanta, espuma branca ruge, céu se contrai.

Tempestade
Relâmpago cai, ondas quebram em gritos, noite se agita.

Fragilidade
Barco pequeno, dança no abismo azul, vento domina.

Mistério profundo
Mar sem fronteiras, oculto em sua fúria, silêncio eterno. Mergulho em mim mesma. Me tranco.

Interioridade
Silêncio profundo, eu comigo mesma, flor escondida. Não desabrocho.

Reflexão
Espelho vazio, olhos buscam respostas, a voz de minha alma se cala. Mas eu grito você.

Mistério
Dentro de mim, labirinto sem chave, sou companhia de mim mesma.

Vozes entrelaçadas
Tema se ergue, em dó se multiplicam, vozes se cruzam. Eu no piano.

A sós
Estrela distante, apaixonada fiquei, noite vazia. Você não chegou. Malvado!

Regozijo silencioso
Você me penetra fundo, sou Terra Virgem. Você, Raiz Poderosa, procura em mim, o invisível.
Me entrego, inevitável... sou sua...

Alegria
Você dentro de mim, corpos abertos em sorrisos, o dia desperta. Acordo molhada.

Título e Texto: Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, 7-12-2025

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