Paulo Hasse Paixão
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou que a Ucrânia “não tem qualquer hipótese” de derrotar a Rússia, denunciando o apoio financeiro da Europa a Kiev, dadas as circunstâncias, como “simplesmente insano” e alertando que a intensificação das hostilidades por parte do bloco ocidental corre o risco de desencadear a “Terceira Guerra Mundial”.
Em entrevista a Mathias
Döpfner, CEO do grupo de media alemão Axel Springer, Orbán afirmou que a União Europeia está a comprometer a sua
própria estabilidade económica ao investir milhares de milhões no conflito.
“Já gastámos 185 mil
milhões de euros e… a nossa intenção é gastar ainda mais. Assim, financiamos um
país que não tem qualquer hipótese de ganhar a guerra”.
Calculando que qualquer acordo
de paz significativo será negociado, em última instância, entre os Estados
Unidos e a Rússia, abrangendo não só a guerra em si, mas também questões mais
amplas, como o comércio global e a energia, Orbán disse que a Europa deveria
abrir o seu próprio canal de comunicação com Moscovo, insistindo:
“Que os americanos negociem
com os russos, e depois os europeus também negociem com os russos, e depois
veremos se conseguimos unificar a posição dos americanos e dos europeus”.
Orbán sugeriu que alguns
líderes europeus apoiam a continuidade do conflito na esperança de reforçar a
sua posição negocial em futuras conversações de paz, uma estratégia que
classificou como “totalmente errada”.
O líder húngaro rejeitou ainda as alegações de que a Rússia poderia atacar outros países europeus ou da NATO, considerando tais preocupações “ridículas”.
Olhando para o futuro, Orbán
disse esperar que a Rússia mantenha o controlo sobre partes do leste da
Ucrânia, incluindo Donetsk, a menos que aconteça “um milagre”, e defendeu um
acordo pós-guerra que estabilize as fronteiras e estabeleça uma zona desmilitarizada
para garantir a segurança a longo prazo, alertando que a ameaça nuclear aumenta
se um Estado com armas nucleares, como a Rússia, enfrentar uma derrota numa
guerra convencional.
Os comentários de Orbán surgem
num momento de tensão política e militar para a Ucrânia. O país foi abalado por
um grande escândalo de corrupção, que levou à demissão de altos funcionários e
à fuga de Timur Mindich, um aliado próximo do presidente Volodymyr Zelensky. No
terreno, as forças russas têm avançado em várias frentes e ocuparam quase por
completo a cidade estratégica de Pokrovsk, aumentando os receios de um revés
significativo para a Ucrânia.
Há relatos de que as tropas
ucranianas estariam cercadas na vizinha Myrnograd. Kupyansk, Pavlohrad,
Novopavlivka, Sukhyi Yar e Siversk são outras localidades sitiadas ou já ocupadas pelos russos nas últimas semanas.
As relações entre a Hungria e
a Ucrânia também se deterioraram. As autoridades ucranianas alegaram
recentemente ter descoberto uma operação de inteligência húngara na região da
Transcarpátia, o que levou à expulsão de diplomatas de ambos os lados e à suspensão
das negociações sobre os direitos das minorias. Notavelmente, a Transcarpátia
faz fronteira com a Hungria e alberga uma grande minoria húngara, que sofre
frequentemente maus tratos por parte das autoridades ucranianas, causando
atritos com o governo de Orbán.
O primeiro-ministro húngaro
tem sido um dos mais cépticos líderes da União Europeia em relação à
candidatura da Ucrânia à adesão à UE, defendendo que apenas traria encargos
económicos e riscos para a segurança da Hungria.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
2-12-2025

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