segunda-feira, 11 de outubro de 2010

[Portugal] “Greve geral é uma grande decisão”

“A greve geral é uma resposta do movimento sindical que o Bloco saúda intensamente, é uma grande decisão e uma decisão no tempo certo”, afirmou Francisco Louçã no final do 5º Encontro do Trabalho

Manifestação da CGTP - Foto de Paulete Matos

Realizou-se neste domingo o 5º Encontro de Trabalho do Bloco de Esquerda, que debateu a crise e o PEC3, a “estratégia europeia 20-20”, os ataques ao Estado social e a actividade do Bloco no movimento do trabalho.
Na intervenção de encerramento do encontro, Francisco Louçã salientou que a greve geral deve ser não só a greve geral de quem trabalha, mas também a greve dos desempregados, reformados, precários e dos que “nunca tiveram trabalho e não desistem do país”.
O coordenador da comissão política do Bloco realçou também o “facto extraordinariamente positivo” de o candidato presidencial Manuel Alegre ter tido uma palavra de incentivo e apoio para com a CGTP, no dia em que a central sindical tomou a decisão de convocar a greve geral.

“Precisamos de ter a certeza que quem tem a força para combater Cavaco Silva nos dá, em contrapartida, que é um Presidente que recusará de qualquer Governo qualquer ataque ao serviço Nacional de Saúde ou que recusa determinantemente qualquer ataque ao salário e qualquer política de austeridade”, sublinhou.
Francisco Louçã falou ainda sobre a “dúvida angustiante” sobre se o PS e o PSD se vão entender sobre o Orçamento de Estado para 2011, destacando que “apesar das tricas” PS e PSD já se entenderam sobre o aumento dos impostos, cortes nos salários e aumento do desemprego.
“A crise política, no entanto, não é essa, nunca foi essa. Cada uma dessas medidas é a crise política e a forma de responder à crise política é recusá-las”, defendeu Louçã, que classificou a greve geral de 24 de Novembro como o início de uma “luta muito mais forte”.

UGT e CGTP juntas na Greve Geral de 24 de Novembro

A UGT junta-se à CGTP na greve geral contra as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo. Será a segunda greve geral conjunta, já que a primeira, e única, aconteceu em 1988, contra o pacote laboral do então primeiro-ministro Cavaco Silva.

A única vez em que as duas centrais sindicais se juntaram numa greve geral  foi a 28 de Março de 1988, em protesto contra o governo do primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva. Foto: António Cotrim/LUSA
A decisão foi anunciada no final da tarde desta quinta-feira, pelos secretários gerais das duas centrais sindicais, Manuel Carvalho da Silva (CGTP-IN) e João Proença (UGT), após a reunião onde discutiram os objectivos da greve.
A reunião foi marcada na sequência de contactos informais entre as duas centrais, depois do Governo ter anunciado um conjunto de novas medidas de austeridade com o objectivo de consolidar as contas públicas, entre as quais o corte de cinco por cento na massa salarial da função pública, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA, que passará a ser de 23 por cento.
“Vai haver uma greve geral conjunta. Vai haver um pré-aviso de greve conjunto e esperamos com isso mobilizar todos os trabalhadores portugueses para esta luta de todos os trabalhadores portugueses”, anunciou o líder da UGT, na conferência de imprensa.
João Proença, justificou a adesão à convocatória de greve geral da CGTP dizendo que as "políticas restritivas [impostas pelo Governo] atacam sempre os mesmos".
"É fundamental dizer claramente ao Governo, aos partidos políticos, à opinião pública, que é fundamental mudar de políticas e combater a desigualdade em Portugal", referiu o João Proença, que disse querer "mobilizar todos os sindicatos, todos os trabalhadores e todos os que se sentem excluídos com estas medidas". “São demasiadas”, rematou.
Ao seu lado estava Carvalho da Silva, que considerou que "a vida no trabalho está a ser infernalizada" e que "há cortes nos apoios sociais que são inadmissíveis", salientando assim a importância do protesto especialmente junto das camadas mais jovens.
"Se há greve dos trabalhadores que tem grande significado para os jovens podemos dizer que é esta", disse o secretário-geral da CGTP, acrescentando que as medidas que têm sido avançadas pelo Executivo "não vão reduzir o desemprego" nem "vão criar mais emprego".
Por isso, diz, "o nosso empenho será total na mobilização dos trabalhadores e da sociedade".
A única vez em que as duas centrais sindicais se juntaram numa greve geral foi a 28 de Março de 1988, em protesto contra o pacote laboral do então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
Foram precisos 22 anos para as duas centrais sindicais se unirem novamente numa greve geral conjunta – a proeza é do Governo socialista de José Sócrates e do seu novo pacote de medidas de austeridade.

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