segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eslovénia elege primeiro presidente de câmara negro da Europa Central

Foi uma vitória apertada (por 51,4 por cento dos votos), mas já fez história: o médico Peter Bossman, oriundo do Gana, venceu em segunda volta as eleições municipais de Piran, no Sudoeste da Eslovénia, e assim tornou-se no primeiro presidente de câmara negro da Europa Central.

Chamam-lhe o “Obama de Piran”, uma cidade costeira de 17 mil habitantes. 
Foto: Srdjan Zivulovic/Reuters
Candidato pelo Partido Social Democrata (de centro-esquerda, no poder a nível nacional), Bossman bateu o incumbente, também médico, Tomaz Gantar (do centro-direita), que até se tinha saído melhor à primeira ronda, realizada a 10 de Outubro.
Chamam-lhe o “Obama de Piran”, uma cidade costeira de cerca de 17 mil habitantes que os analistas dizem ter revelado, com este resultado, que a Eslovénia – antiga parte da Jugoslávia – é um “país maduro”, ao ter elegido um “representante político que não é branco”.
Peter Bossman, de 54 anos, cujo pai é também médico e político no Gana, chegou à Eslovénia na década de 1970, para estudar medicina. Casou com uma colega de faculdade, Karmena, oriunda da Croácia, com quem teve duas filhas, e decidiu ficar no país. “Nos primeiros meses em que vivi na Eslovénia senti que as pessoas não nos queriam aqui [aos imigrantes africanos]. Mas nestes últimos dez ou 15 anos não tive quaisquer problemas, não fui alvo de discriminação. Acho que as pessoas já não vêem a cor da minha pele quando olham para mim, apenas um bom médico e um bom homem”, afirmou, manifestando-se “feliz e orgulhoso” pela vitória eleitoral.“Dificilmente se pode dizer que sou o típico cidadão esloveno, mas o facto de ter sido eleito mostra com clareza o nível de democracia existente na Eslovénia”, prosseguiu o novo presidente da câmara de Piran.

Com uma população de cerca de dois milhões de habitantes a Eslovénia regista uma imigração com origens mais comuns em outros países da ex-Jugoslávia, como a Bósnia Herzegovina ou a Sérvia. A população negra no país não é senão uma fatia extremamente residual.
Com uma campanha que exortava ao diálogo, Bossman foi amplamente criticado por não falar esloveno fluentemente ao fim de mais de trinta anos no país. A esta crítica respondeu, numa entrevista a um dos principais jornais do país ainda antes da segunda volta, que um seu amigo, professor de esloveno, se ofereceu para lhe dar aulas adicionais.
“Esta é a minha casa agora. Vou ao Gana a cada dois anos para visitar a minha mãe, mas Piran é que é a minha casa. E o meu pai sempre me disse que se pudermos, temos que ajudar a sociedade, a comunidade a que pertencemos.”
Público, 25-10-2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-