Quando, nos idos de 2002, Durão Barroso anunciou que o País estava “de tanga” eclodiu um coro imenso de vozes críticas acusando-o de um rol interminável de qualificativos indecorosos.
Entendiam que esta exclamação – embora verdadeira - incinerava a confiança dos agentes económicos internacionais, lesava a capacidade de atracção do investimento estrangeiro e perturbava a auto-estima dos portugueses.
Depois chegou Sócrates, prometendo o progresso e contas em ordem. Num ápice sentimo-nos vestidos e à moda. Afinal, éramos o País do Magalhães, do Plano Tecnológico, do TGV, enfim, da modernidade. Aves agoirentas piavam avisos e premunições. Mas não encantavam o País em êxtase.
Na última campanha eleitoral uma Senhora de rosto fechado denunciou o dramatismo do défice externo e a irresponsabilidade das promessas eleitorais que Sócrates proclamava com uma generosidade incontida. Foi vexada dentro e fora do seu Partido: ninguém conquista o poder sem falar de esperança. Em conclusão, nestes derradeiros oito anos, a verdade foi inimiga do País ou, ao contrário, o País inimigo da verdade.
Chegamos onde chegamos. A prazo andaremos andrajosos e famintos, com os rendimentos exauridos pelo apetite insaciável de um Estado perdulário, imoral e injusto. Resta o Orçamento de 2011 que, parecendo ser contingência inelutável, o Governo transformou em novela.
O que sugere uma pergunta: existirá um propósito sério de cumprimento ou tudo não passa de uma manobra para enganar os mercados financeiros e salvar a face do Primeiro-Ministro? Dirão que seria uma farsa. Não seria, infelizmente, a primeira!
José Luís Seixas, Destak, 13-10-2010
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