sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Já vi esse filme no Brasil

Francisco Vianna
As crescentes ‘travas’ que a Administração Federal de Rendas Públicas aplica na (AFIP) aplica na argentina para conter a a demanda do "dólar turista", o único que – em teoría – está ao alcance das pessoas físicas argentinas depois do aprofundamento do chamado “cepo cambiário” oficializado em julho, fizerem com que o dólar se valorizasse no “câmbio negro”, também chamado de “mercado paralelo”.
O valor da moeda americana, que esteve dormente em torno de 6,20 pesos h[a duas semanas, abruptamente subiu quase 2% apenas ontem pelas consultas na procura dos que não conseguem “autorização do governo” para adquirir essas divisas às vésperas de suas viagens.
Aos que solicitam a compra da moeda americana, a AFIP está respondendo que "conforme a informação constante de nossos arquivos de dados, seu pedido de compra de dólares não é compatível com a sua capacidade tributária", frase que é repetida a quase todos os que tentam adquirir a moeda com finalidade de viajar. Desse modo, o organismo governamental nega a disponibilidade da moeda estrangeira, o que deixa claro que o critério é cada vez mais restritivo, o que está praticamente obrigando o cidadão argentino a se valer do “câmbio negro”, o que tem forçado a alta do dólar na rua. Inclusive a negativa tem se observado mesmo quando se tenta comprar cifras irrisórias de moeda estrangeira.


Claro que também incidiu como fator complicador a obrigação imposta pelo estado às agências de turismo de apresentar “declarações juramentadas” (em cartório) para terem acesso às moedas estrangeiras, o que levou algumas dessas operadoras de turismo em se abastecer no “mercado informal” para terem cobertura ante possíveis demoras ou recusas por parte da AFIP.
Rapidamente, ontem, o “dólar no paralelo”, que estava sendo negociado na rua nos últimos por 6,22 pesos, saltou até os 6,33 pesos, fazendo com que a diferença entre o dólar oficial (de $ 4,75 pesos) – inaccessível – e o do câmbio negro chegasse a 34%, voltando a níveis que não mostrava há já 45 dias.
Tudo isso ocorreu num dia em que uma juíza federal substituta de Ushuaia, Marcela Tortosa, ordenou que a AFIP autorizasse um homem a comprar euros no mercado oficial para viajar para o exterior, medida que foi contestada por apelação pela AFIP e está em suspenso. A liminar foi a favor de uma pessoa que "tem o bilhete para viajar para o exterior e seguro saúde de viajante e ainda assim, não foi possível comprar os euros para sair do país e pagar o alojamento", revelou seu advogado, Hector Montero.
Comentário:
A Argentina, com tais medidas, vai embarcando na mesma canoa furada com que o Brasil tentou conter o valor do dólar, na década de 1980, cerceando o mercado e acabou desembocando na maior hiperinflação que o país já experimentou. Até que o câmbio flutuante e o Plano Real chegaram para restabelecer a ordem no galinheiro...
Título e Texto: Francisco Vianna, 19-10-2012

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