Não fui eu que inventou a
febre de Boas Festas/Ano Novo que ocupa as mentes, os corações e os bolsos (os
últimos, para quem não os têm vazios como os nossos) das pessoas, logo depois
do Dia da Criança em outubro. Nunca gostei (mas não critico quem gosta) dessa
neura e parece que nesse ponto, pelo menos, o governo concorda comigo e quis me
dar uma mãozinha, ou melhor… um baita chute no meu idoso derrière, decretando um estado de frugalidade natalina nos últimos
seis anos.
Pois é, eu não pedi, mas
mudaram a minha vida.
E até descobri que tenho visão
de Raio X, pois ao entrar num shopping, vejo nas entradas das lojas uma
barreira não percebida pelos outros mortais, me proibindo de entrar.
Ironia à parte, o fato é que
este próximo Natal já tem um bocado a menos de variguianos a sonhar com o Papai
Noel, tão cansados que ficaram de esperar em vão. E então, pouco a pouco eles,
para não ficarem decepcionados com o saco vazio do “Bom Velhinho”, foram indo
embora, ficando ao menos livres do saco de maldades dos “maus mocinhos”.
Oramos para esses que se
foram, com a sensação de que uma boa parte do que fomos e somos, também se foi.
De 2006 para cá, nenhum de nossos Natais foi Natal pra valer. Nem me refiro
exclusivamente à parte material do evento, porque se não ganhar um presente,
paciência, mas sensação de não poder dar algum às pessoas que amamos é o que
nos acorda para a infâmia dessa situação.
O atual governo assim como o
anterior, o que vem a dar no mesmo, sempre defendeu políticas compensatórias
para segmentos mais prejudicados da população. Mas distância entre uma
declaração, que mais serve de fachada para se parecer com um estado moderno,
solidário e a realidade que se vê, daria para abrigar alguns oceanos, se estes
coubessem no planeta. O tal CDH-Conselho de Direitos Humanos deste governo
nunca deu sequer uma única resposta aos aposentados e ex-trabalhadores da Varig
e Transbrasil.
Agora vem uma nova proclamação
de intenções, que não irá mesmo além de intenções pelo que se conhece, conforme
noticia esta Agência Brasil de Brasília - que merece uma análise minha – embora
eu não seja formado em nada, tenho uma baita experiência em viver?... cada vez
mais com... menos!
“O Conselho de Direitos
Humanos (CDH), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou hoje (28)
uma resolução proposta pelo Brasil e pela Argentina para reconhecer os direitos
humanos dos idosos. Notem que os governos que menos fazem por seus
povos, são os que mais assinam resoluções de boas intenções com outros países.
No fim se arranja uma desculpa externa para não cumprir. É o pulo do rato.
A resolução, intitulada
Direitos Humanos dos Idosos, é o primeiro texto do CDH especificamente para
essa parcela da população que, em 2050, representará mais de 20% da população
mundial. Aqui, feito de encomenda para o pessoal Varig/Transbrasil. Em
2050 já não seremos uma preocupação para eles.
O texto, de acordo com o
Ministério das Relações Exteriores, reconhece os desafios para garantir os
direitos humanos dos idosos, (tava bom pra nós se fosse para agora, mas
como é para 2050...) determina a realização de consultas públicas sobre
o tema e…
Amigos... aqui sou obrigado a
uma pausa, pois nesse ponto o texto adquire tanta poesia, tanta doçura pois
temo que aqueles colegas com altos índices de glicose sofram um choque. Vejam
só:
...convoca os países a
assegurarem esses direitos, com implementação de políticas antidiscriminação
por idade.
Não é linda esta frase?
Vocês... não sei, mas quando a leio, eu me arrepio todo! Calma, as emoções
ainda não acabaram! Tem mais:
A inclusão de uma
resolução específica para os idosos no CDH, na avaliação do Itamaraty, deverá
fortalecer a proteção internacional dos direitos dos idosos e o
compartilhamento de experiências positivas entre países nesse tema.”
Vejam só até onde vão esses
nossos batutas – proteção internacional – bingo! Essa é na medida certa pra nós
que em longínquas encarnações, já fomos grandes viajantes.
Não precisa exagerar CDH! Só
queremos nosso Aerus de volta!
A presidente ao votar neste
domingo disse “que somos um país livre e democrático que respeita os direitos”.
Ótimo! Espero que isto inclua o nosso direito de voltarmos a ter vários Natais
como seres humanos. Assim como espero de todos nós da Varig, Vasp e Transbrasil
– desempregados e aposentados – que continuemos a cobrar a devolução dos nossos
direitos. Precisamos afastar esse perigo que nos ronda há tantos anos. Até
porque, como diria Camões, "um dia o dano pode ser maior do que o
perigo".
Que o último triste Natal para
nós tenha sido o do ano passado.
Abraços a todos,
Título e Texto: José Carlos Bolognese,
09-10-2012
Um aposentado Ficha Limpa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-