1. As pesquisas de intenção de voto devem ser cruzadas com o clima
da eleição e a cristalização do voto em função disso. Para isso há indicadores
práticos do cotidiano e da tradição das eleições. E elementos teóricos.
2. Um indicador de aquecimento das eleições é o uso do plástico nos
carros. Quem usa plástico no carro é um eleitor decidido. Numa contagem feita
nos últimos dias, em 15 corredores da cidade, com muito boa vontade se pode
arredondar para 0,1% os carros com plásticos. Isso mesmo: 0,1%. Observem vocês
mesmos.
3. Outro indicador tradicional é o nível de animosidade nas ruas,
ou seja, o quanto a presença de um candidato ou de um grupo de apoiadores
produz reação, vaias e palavras inamistosas de uns em relação aos outros. Cesar
Maia foi a 62 corredores desde final de julho, quase uma vez por dia e mesmo as
equipes dos adversários foram de enorme gentileza. As equipes de panfletagem do
DEM comentaram a mesma coisa.
4. São dois indicadores da temperatura da eleição e da fixação do
voto. Pode-se afirmar que a eleição no Rio é fria e volátil. Isso, em grande
medida, explica a grande vantagem do atual prefeito nas pesquisas. É uma
marcação de rolagem, do tipo – deixa estar... –, um voto residual.
5. Este Ex-Blog já analisou, em nota anterior, que a enorme
concentração de tempo de TV produz um impacto publicitário, como se uma só
marca de refrigerante estivesse à venda. É natural que uma pesquisa sobre marca
de refrigerante tenha aquela como resposta majoritária.
6. Mas – do ponto de vista das pessoas – "magicamente", a
partir de sexta-feira, desaparece toda essa publicidade massiva na TV e Rádio.
E assim será também no sábado todo. E, então, os eleitores apenas de rolagem ou
residuais passam a achar que ainda não decidiram o voto e recomeçam o processo
de decisão. É como se uma matéria mais leve que a água decantasse e voltasse à
tona.
7. Quanto representa isso
da intenção de voto de quem lidera? Garantidamente 15 pontos, ou até um pouco
mais. Testamos isso através de um método que já apresentamos aqui – consagrado nos
EUA – e que chamamos de Grupo Controle. Consulta-se os eleitores pesquisados se
podem voltar a ser contatados alguns dias depois, por telefone. Mais ou menos
25% aceitam. Dias depois, se telefona e apenas se pergunta intenção de voto. Se
o voto muda, se pergunta as razões. Para se ter uma ideia, nos últimos 7 dias,
8% dos que marcaram o líder nas pesquisas, mudaram de opinião.
8. Nas pesquisas através de perguntas diversas se testa coerência e
consistência da intenção de voto através de cruzamentos. A incoerência e a
inconsistência caracterizam a volatilidade da intenção de voto. Para se ter uma
ideia, 25% das intenções de voto de quem lidera no Rio descola e decanta: é
mais leve que a água. Agregue-se a isso os ainda indecisos.
9. Na sexta e no sábado, digamos, dias de silêncio sem impacto de
TV e Radio, entre 15% e 20% dos eleitores retomarão a sua decisão de voto. Pode
ser em quem lidera, mas é mais provável que seja nos demais, pois votar em quem
lidera já era uma reação anterior, antes do descolamento.
10. Se isso ocorrer em direção aos demais, quando as urnas abrirem,
a eleição estará na fronteira se haverá ou não segundo turno. Quem estava calmo
suará frio até terminar a contagem. Quem está pessimista ficará eufórico. É
aguardar a noite do dia 7.
Título e Texto: Cesar Maia, 04-10-2012
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