segunda-feira, 29 de abril de 2013

O dia-bólico no indigenismo

Valfrido Chaves
Sou vizinho do Sr. “Nikiu”, cujo pai foi o primeiro japonês de Tókio a se casar com uma brasileira. Seu avô, um negro, rio-grandense, lutou na “Guerra do Paraguai” e por aqui se arranchou, constituiu família e sua filha foi a esposa do tokiano. Minha tataravó, Senhorinha Rondon, foi a primeira índia cruzada, de uma tribo de Cuiabá. Casou-se com Estevão Alves Corrêa, tendo sido fundadores da fazenda “Cutápe”, hoje Santa Cruz, próxima de Taunay, Aquidauana. Minha avó materna é descendente de negros, índios e portugueses. Ontem encontrei Cacilda, filha de Dionísia, terena que por longo tempo trabalhou com minha família, no Pantanal. Cacilda, terena não aldeada, tem casa própria no Cel. Antonino, uma chacrinha e três netos na faculdade. Esse é o Brasil que os gringos mais admiram, um povo miscigenado, que supera páginas cruéis de sua história, mantendo sua unidade nacional, territorial e riqueza cultural.

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Mas se o leitor tem orgulho desse Brasil miscigenado, onde a superação de conflitos étnicos é motivo de admiração para outros povos, mostra que não é “politicamente correto”, pois, politicamente correto, hoje, é justamente promover o conflito, inclusive sangrentos, entre brasileiros. Há pouco um índio foi morto com um tiro. Há menos dias um fazendeiro, policial aposentado foi amarrado, trucidado em sua própria casa, por índios invasores, “provocados” pelo proprietário. Tais episódios lamentáveis e condenáveis são, entretanto, prontamente justificados como “legitima defesa”, por entidades ongueiras e estatais, parece-nos, interessadas na intensificação dos conflitos. Invasões de propriedades legítimas, como agora em Sidrolândia, parece serem politicamente corretas, pois o Ministério Público Federal representa contra a restituição de posse das mesmas, nos parece, avalizando a violação de direitos constitucionais de uns como fonte de direitos de outros. A violência torna-se fonte de direitos. Os membros da referida instituição pública não parecem compreender que estão dando cobertura a uma pedagogia diabólica para a violência. Dia-bólica, leitor, porque “dia” é “separação” e”bólica” é “movimento”, pois o que está em curso é uma estratégia para conflitar, separar, promover ódios entre brasileiros. Há dias o presidente da Funai esteve aqui para dizer que a “judicialização” impede a solução do “conflito indígena”, ou seja, parece que o proprietário, ao buscar seus direitos na justiça, estaria sendo politicamente incorreto.
Tal como o judeu não era sujeito de direitos no regime nazista, aqui essa condição já é acenada para o fazendeiro cujas terras são cobiçadas para expansão de aldeias. Há anos, em nossa Assembléia, figura de proa do MPF, frente a umas 400 pessoas, afirmou que “retomada não é invasão”. Foi bem ouvida, pois logo depois se deu a invasão em Japorã, com toda aquela barbárie que chocou a nação, mas que não foi vista como crime pelo MPF, pois, “retomada não é invasão”. Aroldo Fiqueiró e um grupo, quando desenvolveram um projeto para plantar 1.200.000 mudas de erva-mate, manga e laranja em áreas guarani e terena, não seriam politicamente corretos, pois propunham paz e progresso para os índios. Politicamente correto foi o órgão estatal que impediu o projeto. Isso retrata, leitor, a estratégia daqueles que entendem que “o conflito é o motor da História” sendo o que comanda o indigenismo oficial no governo atual, tal como no anterior. Mas seus responsáveis nada sabem, pra variar.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, psicanalista, pós-graduado em Política e Estratégia pela UCDB e ADESG, 28-04-2013

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