Sou vizinho do Sr. “Nikiu”,
cujo pai foi o primeiro japonês de Tókio a se casar com uma brasileira. Seu
avô, um negro, rio-grandense, lutou na “Guerra do Paraguai” e por aqui se
arranchou, constituiu família e sua filha foi a esposa do tokiano. Minha tataravó,
Senhorinha Rondon, foi a primeira índia cruzada, de uma tribo de Cuiabá.
Casou-se com Estevão Alves Corrêa, tendo sido fundadores da fazenda “Cutápe”,
hoje Santa Cruz, próxima de Taunay, Aquidauana. Minha avó materna é descendente
de negros, índios e portugueses. Ontem encontrei Cacilda, filha de Dionísia,
terena que por longo tempo trabalhou com minha família, no Pantanal. Cacilda,
terena não aldeada, tem casa própria no Cel. Antonino, uma chacrinha e três
netos na faculdade. Esse é o Brasil que os gringos mais admiram, um povo
miscigenado, que supera páginas cruéis de sua história, mantendo sua unidade nacional,
territorial e riqueza cultural.
Mas se o leitor tem orgulho
desse Brasil miscigenado, onde a superação de conflitos étnicos é motivo de
admiração para outros povos, mostra que não é “politicamente correto”, pois,
politicamente correto, hoje, é justamente promover o conflito, inclusive
sangrentos, entre brasileiros. Há pouco um índio foi morto com um tiro. Há
menos dias um fazendeiro, policial aposentado foi amarrado, trucidado em sua
própria casa, por índios invasores, “provocados” pelo proprietário. Tais
episódios lamentáveis e condenáveis são, entretanto, prontamente justificados
como “legitima defesa”, por entidades ongueiras e estatais, parece-nos,
interessadas na intensificação dos conflitos. Invasões de propriedades
legítimas, como agora em Sidrolândia, parece serem politicamente corretas, pois
o Ministério Público Federal representa contra a restituição de posse das
mesmas, nos parece, avalizando a violação de direitos constitucionais de uns
como fonte de direitos de outros. A violência torna-se fonte de direitos. Os
membros da referida instituição pública não parecem compreender que estão dando
cobertura a uma pedagogia diabólica para a violência. Dia-bólica, leitor,
porque “dia” é “separação” e”bólica” é “movimento”, pois o que está em curso é
uma estratégia para conflitar, separar, promover ódios entre brasileiros. Há
dias o presidente da Funai esteve aqui para dizer que a “judicialização” impede
a solução do “conflito indígena”, ou seja, parece que o proprietário, ao buscar
seus direitos na justiça, estaria sendo politicamente incorreto.
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Wikipédia |
Tal como o judeu não era
sujeito de direitos no regime nazista, aqui essa condição já é acenada para o
fazendeiro cujas terras são cobiçadas para expansão de aldeias. Há anos, em
nossa Assembléia, figura de proa do MPF, frente a umas 400 pessoas, afirmou que
“retomada não é invasão”. Foi bem ouvida, pois logo depois se deu a invasão em
Japorã, com toda aquela barbárie que chocou a nação, mas que não foi vista como
crime pelo MPF, pois, “retomada não é invasão”. Aroldo Fiqueiró e um grupo,
quando desenvolveram um projeto para plantar 1.200.000 mudas de erva-mate,
manga e laranja em áreas guarani e terena, não seriam politicamente corretos,
pois propunham paz e progresso para os índios. Politicamente correto foi o
órgão estatal que impediu o projeto. Isso retrata, leitor, a estratégia
daqueles que entendem que “o conflito é o motor da História” sendo o que
comanda o indigenismo oficial no governo atual, tal como no anterior. Mas seus
responsáveis nada sabem, pra variar.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, psicanalista, pós-graduado
em Política e Estratégia pela UCDB e ADESG, 28-04-2013
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