António José Seguro conseguiu
evitar o que nas suas palavras definiu como a radicalização do partido - o que
é uma excelente opção para o PS e uma péssima notícia para Passos Coelho pois
para azar dos sociais-democratas e também da esquerda radical, o PS ganha
eleições ao centro.
No País a cascatas de ‘ses' de Seguro não é menor: se Portas fizer cair o Governo, o País irá para eleições que provavelmente serão ganhas pelo PS. Não só colocar qualquer estratégia dependente de Portas é um exercício de alto risco como os ‘ses' não acabam aí para Seguro: ganhando muito provavelmente sem maioria absoluta, Seguro conta que teria o apoio do CDS e do PSD. Nas suas contas o PSD uma vez derrotado livrar-se-ia de Passos Coelho e escolheria uma nova liderança disponível para avalizar o executivo socialista. Aqui chegados já vamos em meia dúzias de ‘ses' dos quais o único em que Seguro tem intervenção directa são as eleições legislativas. E assim, de ‘se' em ‘se', chegamos à figura do Presidente da República que numa versão institucional dos atalhos da informática, se tomasse a decisão de dissolver a Assembleia da República permitiria a Seguro chegar mais rapidamente a eleições no País, numa espécie de ‘remake' do golpe de Jorge Sampaio que levou à queda do governo de Santana Lopes.
A irritação socialista por
Cavaco Silva não cumprir o "se" que lhe destinaram no Largo do Rato -
derrubar o Governo e reforçar a actual liderança rosa - levou a que no último
25 de Abril Seguro não tivesse sequer tirado benefício das críticas feitas por
Cavaco ao funcionamento das instituições europeias, críticas essas muito em
linha com algumas das teses do líder socialista. Embarcando na tresleitura que
a ala socratista do PS fez desse discurso, sobretudo nos parágrafos sobre a
criação de uma crise política que em boa verdade mais pareciam dirigidas à
estontecida coligação governamental e muito particularmente ao CDS que como é
óbvio não caiu no engodo de se dar por achado e aplaudiu o discurso
presidencial.
Em resumo, a melhor definição
da estratégia de Seguro foi dada há trinta anos numa canção dos Salada de
Frutas: "Se o imposto não subisse/ Se o emprego não fugisse/ Se o
presidente sorrisse/ Outro galo cantaria um dia.../ Se cá nevasse fazia-se cá
ski..."
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