domingo, 9 de fevereiro de 2014

A armadilha hobbesiana

Rivadávia Rosa
Darwin (Charles Robert Darwin – 1809-882) nos contemplou com uma teoria que explica por que os seres vivos têm as características que têm, não apenas as características físicas, mas também as disposições mentais e os motivos básicos que impelem seu comportamento.
Porém, a ‘lógica’ da violência, quando aplicada a membros de uma espécie inteligente que se defrontam com outros membros dessa mesma espécie, leva-nos a Hobbes (Thomas Hobbes – 1588-1679), que em Leviatã (1651) nos legou uma análise, perfeitamente configurada em nossos gloriosos tempos no que tange aos ‘incentivos à violência’: 

“Encontramos na natureza do homem, portanto, três principais causas de contenda. Primeira, a competição; segunda, a difidência (“medo”); terceira, a glória. A primeira leva o homem a invadir pelo ganho; a segunda, pela segurança; a terceira, pela reputação. Os primeiros usam a violência para assenhorear-se das pessoas de outros homens, de mulheres, filhos e gado; os segundos, para defendê-los; os terceiros, por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma opinião diferente e qualquer outro sinal de desapreço, seja diretamente a suas pessoas, seja por reflexo em seus parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome.”

Hobbes, que, obviamente, se contrapõe a Rousseau (Jean-Jacques Rousseau – 1712-1778) que identifica um “bom/nobre selvagem”,  tem uma visão menos enaltecedera do homem  (‘sórdido, brutal’ – ‘homem lobo do homem’) apontando a competição como uma consequência inevitável do empenho do agente por seus interesses. 

Aí entra a ‘armadilha hobbesiana’ do Leviatã como um modo de escapar dessa ‘armadilha’ mediante uma monarquia ou outra autoridade governamental que incorpore a vontade do povo e tenha o monopólio do uso da força, aplicando as correspectivas penalidades aos agressores, para eliminar seu incentivo à agressão, o que também elimina as preocupações gerais sobre ataques preventivos e a necessidade de que cada um se mantenha sempre pronto para retaliar à menor provocação de modo a provar sua determinação. E enquanto o Leviatã operar como uma terceira parte desinteressada pode funcionar..., mas essa é justamente a área em que os novíssimos Estados faliram, digo, falharam..., sobretudo nos em que os (des) governos são turbinados/inspirados por certa ideologia sociopolítica criminosa, vulgarmente conhecida como comunismo.

Mas é o cientista político Thomas Schelling (Thomas Crombie Schelling – 1921) que dá o tiro certeiro via “armadilha’ mediante a analogia do homem armado que supreeende em sua casa um ladrão também armado, em que cada um deles é tentado a atirar no outro para não ser baleado primeiro. Esse paradoxo às vezes é chamado de armadilha hobbesiana, que na arena das relações internacionais configura o dilema da segurança, mas isso é coisa, sobretudo para os EUA, com seus ataques preventivos.

Mas de fato, como as pessoas inteligentes podem se desvencilhar da armadilha hobbesiana? A fórmula seria  através de uma política de dissuasão: não ataque primeiro; mas seja forte e preparado o suficiente para sobreviver a um primeiro ataque e retalie no mesmo grau contra qualquer agressor. Assim uma política de dissuasão deve ter credibilidade para remover o incentivo do competidor a invadir pelo benefício/ganho/impunidade, pois o custo imposto pela retaliação anularia para ele as vantagens previstas. E, também elimina seu incentivo a invadir por medo, pois você está decidido a não (re) agir primeiro, já que a dissuasão reduz a necessidade de atacar preventivamente. No entanto, essencial para a política de dissuasão é a credibilidade da ameaça que você irá retaliar. Se seu adversário/atacante/criminoso pensa que você é vulnerável a ser aniquilado em um primeiro ataque, não tem por que temer uma retaliação. E se ele pensar que, uma vez atacado, você pode racionalmente se abster de retaliar, pois a essa altura é tarde demais para ter para ter algum efeito, ele poderá explorar essa vulnerabilidade e atacá-lo impunemente. Só se você estiver decidido a enfrentar qualquer suspeita de fraqueza, a vingar todas as invasões e revidar todas as afrontas, sua política de dissuasão será crível.
 
Efetivamente, no Brasil (e nos demais países de viés bolivariano, eufemismo para tendência comunista) não é por menos que o cidadão eleitor/contribuinte foi adredemente “desarmado”..., embora a Constituição seja clara como a luz meridiana que a segurança pública é “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”, mas ao cidadão é vedado o uso de armas para sua defesa pessoal e eventual defesa de terceiros. [“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:” – Constituição da República Federativa do Brasil.]
E como revelam os “defensores” dos direitos humanos (dos bandidos), sempre de prontidão para estimular a barbárie - ai de quem reagir mesmo a própria Polícia que deve fazê-lo por dever legal. 

Assim, o custo benefício da ação criminosa será sempre favorável aos delinquentes por esse (des) caminho insensato, sobretudo às facções instrumentalizadas pelo e no poder político.
 
Por fim, no Estado do crime brasileiro, sequestrado com o apoio de suas elites, pelas “zelites esquerdistas” podemos ainda escapar pela informação que leve a uma reação pelo VOTO para apear essa quadrilha do poder.
Título e Texto: Rivadávia Rosa, 09-02-2014

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Um comentário:

  1. Caro Jim,

    o Hobbes só não escreveu com todas as letras que é a educação familiar (ou mesmo estatal) que faz com que o indivíduo adquira os meios e valores para controlar o seu lado "animal-fera" e adquirir a capacidade de viver basicamente de modo harmônico com sua sociedade, sem considerar que exceções existem e são muito perigosas, principalmente quando tais indivíduos chegam a uma posição de mando e poder...

    Abração,

    VIANNA

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