terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os monstros pirotécnicos

Jonathas Filho
Alguns jovens das tardes pensam que já são homens apesar de ainda serem imaturos das manhãs, pois não mais cercados da vida em família... nem no fim da semana e sem tantas alegrias... sofrem estes rebeldes sem causa, sem elas... as alegrias.
Velhos tempos... se foram para não voltar mais com os belos dias.

Como fuga, estes jovens sem tardes de domingos, se induzidos, transformam-se em pavios de bombas pré-acesas que podem provocar o pior. Passam de mão em mão, sendo dilapidados do resto de consciência que possam ter, deformando a pouca personalidade deles e “viram” pólvora a um atmo da ignição.

Uma lástima que não tenham sentido o sabor do seio familiar e do conhecimento que é gerado nesse pequeno mundo, onde nascem e se desenvolvem os sentimentos nobres de amor, da solidariedade, do respeito e da fraternidade.

Sem a Educação tão prometida como Direito de todos e sem os freios legais de uma sociedade séria, justa e igualitária, tampouco sem a vontade de ganhar conhecimento e cultura, vários jovens dessas tardes quase madrugadas perdidas, estão perdidos no escuro breu da ignorância, buscando nos desvios de conduta o que pensam ser alegrias.

Sem arrependimento, muitas vezes “transferem” outros seres humanos para os leitos de hospitais ou para esquifes sepulcrais além da depredação de patrimônio público ou privado, promovendo a desordem e a baderna quando junto a outros vândalos.

Outros jovens sem tardes de domingo, mas cheios de segundas-feiras durante todas as semanas, sem dinheiro para arcar com o compromisso de pagar seu transporte, transporte esse cujo tempo de percurso exonera qualquer possibilidade de “fazer” mais tempo; tempo esse que poderia ser usado para se obter mais cultura e conhecimento que “aqueles” outros (jovens monstros) renegam; estão indignados mas, até então são ordeiros... ou cordeiros?

Com o direito da indignação em punho, partem com o coração nas mãos e nas bocas em passeatas, numa manifesta ação de insatisfação mas, tão ordeiros que são, não se detonam e nem se explodem, apenas se apresentam com pacíficos apelos reivindicantes de melhores condições de transporte e de preços que não sejam abusivos.

Tomando carona na boléia desses mansos, os lobos com sangue nos olhos, monstros ávidos por baderna e depredação promovem os conflitos aterrorizantes e é aí onde a razão se desfaz e as súplicas contra a repressão começam a germinar e crescer num outro tipo de grito... o da dor.


Na visão de que todos são iguais perante a Lei, a força repressiva não tem tempo nem como saber quem é quem e dispara seu abrangente ataque duro e hostil, promovendo o cerceamento, com mais dor, principalmente naqueles que estavam somente se manifestando de forma ordeira e pacífica.

Dissolvido o protesto cujos ecos não foram tão retumbantes quanto as bombas de efeito moral, sobram as imagens de efeito imoral, das quais, os espectadores televisivos envergonham-se e chocam-se por vezes repetidas, ao observar o desastroso efeito da explosão de um rojão na cabeça de um reporter cinematográfico, que trabalhando, filmava as cenas da manifestação.

Concluídas as apreciações do horror perpetrado, nítidamente provocado por monstros que se inseriram na manifestação com o vil propósito agressivo e depredador, vemos mais uma vez que aqueles jovens que procuravam o eco das suas legítimas reivindicações, perderam duas vezes. Perderam para o poder econômico que reajustou o preço dos transportes e perderam para os arruaceiros que prejudicaram a manifestação.
E eles só queriam poder ter o direito de usar o transporte público pagando um preço justo.

E o PIOR aconteceu: o repórter cinematográfico, perdeu a vida quando só queria só fazer o seu trabalho: filmar o democrático direito de expressão chamado manifestação.

Perde e sofre enlutada, a família de Santiago Andrade. Perde a instituição para qual trabalhava, um profissional de longos anos de atividade respeitada e reconhecida. Perde a sociedade brasileira em saber pela enésima vez que qualquer um, santo ou demônio, pode comprar “fogos” que podem causar queimaduras, ferimentos e até a morte, além de desastres por incêncio e/ou explosões.

No meu entender, os estabelecimentos que vendem estes artefatos extremamente perigosos, deveriam atender somente e especificamente, às instituições preparadas e licenciadas para finalidades pirotécnicas em festejos. Infelizmente, sobrou uma pergunta que fica no ar para ser respondida:
Afinal, quem armou a mão do monstro?










Tudo isso é lamentável!
Título e Texto: Jonathas Filho, 11-02-2014

Um comentário:

  1. Em toda minha vida nunca vi um blogue como este. Onde as palavras se demonstram incriveis, como um tornado que se transforma em montanhas de agua e cai sutilmente no litoral da praia, revelando as ostras de diferentes formas e texturas, do que antes, era o caos. Onde vive? Já parou com este site?

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