Cesar Maia
1. As reformas da previdência social e da legislação trabalhista
tramitam debaixo de retóricas e fogos de artifício. Alguns, que estão fora do
jogo do poder com bancadas mínimas como o PSOL (três deputados) têm liberdade
total para falar e votar. Mas aqueles que, com candidato próprio ou coligados,
têm aspiração de estar no poder com a eleição de 2018, tratam o assunto com
cuidado ou cinicamente.
2. (Coluna do Moreno – Globo, 11) “Em pleno vapor, rumo a 2018,
conversando com Deus e todo mundo, Lula registra um fato desanimador: Só não
estou gostando de uma coisa: você conversa com economistas de direita e de
esquerda e eles dizem a mesma coisa que a receita é essa mesma que está aí.”
Obs.: Desanimado ou Cínico?
3. Quem tem pretensão e aspiração de poder em 2018 – de governo ou
de oposição – torce para o Congresso aprovar aquelas reformas. Com isso, o
desgaste cairia sobre o governo atual, que faria o dever de casa e limparia o
terreno para o próximo presidente governar bem e afirmar-se com popularidade.
4. O exemplo que a esquerda
tem usado é o de Portugal. O primeiro-ministro Passos Coelho (PSD) recebeu
Portugal do Partido Socialista destroçado, com desemprego na casa dos 20%, com
dívida pública num patamar recorde, PIB desintegrado, alta inflação... Foi
acusado de governar sob intervenção do FMI. Seus níveis de impopularidade foram
recordes.
5. Passos Coelho, do PSD,
fez o dever de casa, recuperou a economia, o desemprego caiu, o PIB subiu, a
dívida pública foi equacionada, a inflação veio para níveis exigidos pelo
BCE.... O reconhecimento por seu governo foi crescendo ao aproximar-se a
eleição. Finalmente, ele e seu partido, o PSD, venceram as eleições, mas com
maioria simples. Um ano depois, o PSD, com Marcelo Rebelo de Souza, venceu a
presidência por maioria absoluta.
6. Antes, sem maioria absoluta, o PSD de Passos Coelho perdeu o
governo. A esquerda anti-euro, num acesso de oportunismo, se somou ao PS
europeísta e formou maioria absoluta e passou a governar. Com o dever de casa
feito, o governo do PS de Antonio Costa viu sua popularidade crescendo. Nesse
momento – março de 2017 – pesquisa da Eurosondagem dá ao PS 38,3% e ao PSD
28,8%, uma diferença de 9,5 pontos.
7. As visitas recentes do PT a Portugal se deparam com esses
números e com as análises de líderes do PS. E receberam a receita: fazer
oposição à vontade, mas não deixar que as medidas de rigor fiscal e financeiro
deixem de ser aprovadas. E depois – em cima do desgaste do governo – vencer as
eleições e governar com o dever de casa feito.
8. Moral da história: a oposição de fato, da dita esquerda
brasileira, às medidas previdenciárias e trabalhistas será inversamente
proporcional à probabilidade de vitória que Lula tenha em 2018. E vice-versa.
Título e Texto: Cesar Maia, 15-3-2017
Realce: JP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-