O MP diz que a companhia aérea "foi
negligente e imprudente" ao não informar devidamente os seus pilotos sobre
os procedimentos a adotar em caso de anomalias no acidente que causou 228
mortos em 2009
Agência Lusa
A justiça francesa acusou
a companhia aérea Air France de negligência, na sequência da investigação ao
acidente aéreo do voo Rio de Janeiro-Paris, que causou 228 mortos em 2009,
confirmou esta quarta-feira a AFP.
![]() |
Foto: AFP/Getty Images |
O despenhamento do voo
Rio-Paris da Air France em junho de 2009 deveu-se a “uma reação inadequada da
tripulação após a perda momentânea das indicações de velocidade”, revelava um
relatório de especialistas divulgado em 2014.
Nos termos do documento citado
pela AFP, ordenado no âmbito da investigação judicial e elaborado por uma
segunda equipa de especialistas, as simulações e as peritagens “provaram
claramente a predominância dos fatores humanos nas causas do acidente e nos
fatores que contribuíram” para o acidente. “Também determinámos que o acidente
poderia ter sido evitado através de algumas ações apropriadas da tripulação”,
referiram os cinco especialistas nas suas conclusões.
A queda do Airbus A330 da Air
France, que se despenhou a 1 de junho de 2009 no Oceano Atlântico, ao largo do
Brasil, custou a vida aos 228 passageiros e tripulantes.
Esta segunda investigação de
especialistas, datada de 30 de abril, tinha sido ordenada em 2013 pelas juízas
Sylvia Zimmermann e Sabine Kheris, após uma primeira peritagem apresentada em
julho de 2012 às famílias das vítimas.
As conclusões do relatório de
peritagem judicial especificavam uma conjugação de fatores: erros humanos,
falhas técnicas, procedimentos inadequados e condições meteorológicas adversas.
No âmbito deste inquérito, a
Air France e a Airbus estavam a ser investigadas desde 2011 por homicídios
involuntários.
“Foi determinado pelo nosso
coletivo de especialistas que o acidente se deveu à perda de controlo do avião
na sequência de uma reação inadequada da tripulação após a perda momentânea das
indicações de velocidade”, escreveram os autores da contra-peritagem,
enumerando uma lista de 14 fatores contributivos, por ordem de importância.
Eles citavam, desde logo, a
responsabilidade da tripulação, referindo “a ausência de análise estruturada da
avaria presente”, “a não compreensão da situação” e “a repartição das tarefas
no cockpit que não foi feita de forma rigorosa”.
Mas colocavam igualmente em
causa a companhia aérea francesa, lamentando a “ausência de diretivas claras da
parte da Air France, apesar de vários casos análogos na sequência de geada nos
sensores de velocidade Pitot e, portanto, de um ‘feedback’ insuficiente dessa
experiência”.
Apontavam ainda “a
insuficiência da formação dos pilotos na aplicação dos procedimentos de voo com
Indicações de Velocidade Questionáveis”, exigida quando os sensores de
velocidade congelam, e no comportamento do avião quando da perda da indicação
de velocidade.
Um dos advogados das vítimas,
citado pela AFP, Yassine Bouzrou, considerou, na altura o relatório “cheio de
contradições e imprecisões”.
“Os especialistas limitam-se a
culpar os pilotos enquanto iludem a questão central das falhas técnicas”,
argumentou.
Título e Texto: Agência Lusa, Observador,
17-7-2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-