A revolução do proletariado, quem diria,
virou o último suspiro da burguesia decadente. Note a excitação no clube dos
ricos
Guilherme Fiuza
No Dia da Independência, Lula
disse que está “à disposição” dos brasileiros para salvar o país do atual
governo. Se todos os ladrões condenados fossem voluntariosos como Lula, o
Brasil seria um lugar quase tão solidário quanto uma colônia penal. Não tem a
menor importância o fato de que ninguém mais acredita no que Lula fala (nem
ele). O problema está nos que fingem acreditar.
Para que serve Luiz Inácio da
Silva hoje? Serve essencialmente como disfarce progressista (leia-se:
reacionário) para uma elite egoísta. Olhe em volta e veja essa gente
confortavelmente confinada em suas bolhas burguesas soltando frases empáticas
pelo Zoom. Eles nem precisam que o governo caia. Basta que não caia (no
ridículo) a lenda da resistência antifascista. É o suficiente para manter o
verniz revolucionário dos seus espíritos de porco. E para continuarem faturando
com isso, que ninguém é de ferro.
O Lula bibelô da burguesia é
aquele criminoso que sai da cadeia direto para uma pelada no campo do Chico
Buarque. É a apoteose de uma elite muito bem-educada que sempre quis ser imune
à lei: uma fotografia é o bastante para lavar uma reputação. Lava a jato.
Sobre a devastação causada pela gangue do Lula você jamais será
patrulhado
Que outros valores você
precisa afirmar, além da devoção à MPB 171, para ganhar sua pulseirinha de
homem sensível e mulher consciente? Não precisa muito mais que isso, vai. A
verdade é que a vida ficou fácil — pelo menos em certos endereços concorridos.
Com duas ou três frases convenientes que qualquer analfabeto consegue pronunciar
você pode conquistar seu crachá de grande alma. É ou não é um final feliz?
É claro que para chegar a esse
olimpo instantâneo você tem que dar um foda-se para milhões de pessoas
desgraçadas pela rapinagem do Lula, mas também ninguém lembra direito disso — pelo
menos não nos endereços que te interessam. Você está no meio de patrulheiros
que andaram dedurando até quem subisse numa bicicleta, mas sobre a devastação
causada pela gangue do Lula você jamais será patrulhado — não por essa gente
culta que ficou linda de máscara.
Aliás, uma espécie de catarse
coletiva foi propiciada pelo mesmo Lula ao declarar que “felizmente a natureza
criou esse monstro chamado coronavírus”. É isso aí. Um líder precisa vocalizar
o que está no coração dos seus seguidores. Já tínhamos ouvido uma ou outra
formulação mais tímida nessa linha — aquele papo de que a pandemia seria
depuradora etc. — mas foi preciso o brado retumbante do bom ladrão para a
verdadeira redenção. Ao festejar a covid, Lula falou por todos os que estão há
meses no armário excitadíssimos com o trancamento geral e a transformação da
sociedade numa confraria vip. Deu até para ouvir, ao longe, o grito
abafado dessa gente linda e enrustida: “Mito!”.
Observe as ONGs de laboratório, seus democratas de auditório e seus candidatos
de proveta
Lula é o mito dos hipócritas
de boa aparência, dos inocentes úteis e inúteis, dos intelectuais dedicados a
coreografias de solidariedade para manter seu poderzinho particular e avarento.
A revolução do proletariado,
quem diria, virou o último suspiro da burguesia decadente. Note a excitação no
clube dos ricos, com suas ONGs de laboratório, seus democratas de auditório e
seus candidatos de proveta, unindo de FHC a Alexandre Frota, de João Doria a
Lula — o criminoso muito bem recebido de volta ao “campo democrático”,
desfilando por aí seus mais de 20 anos de prisão congelados pelo STF. O
problema é o fascismo — e basta mandar pintar umas suásticas em meia dúzia de
muros que está feita a mágica.
Quem vai checar? O STF? Os
senhores da verdade? O jornalismo de valas e panelas? Ou a delação premiada da
OAB? É tanta referência que você até se confunde. Como diria a OMS: apaga a luz
e aumenta o som que ninguém é de ninguém.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, 11-9-2020
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