quarta-feira, 16 de setembro de 2020

[Foco no fosso] A fábula do chaveiro

Haroldo Barboza

Mateus e Matias moravam no mesmo bairro e trabalhavam na mesma fábrica de laticínios. Diariamente se encontravam na esquina das ruas A e B do conjunto onde moravam, em torno de 5h30. Dali até à fábrica, apesar da escuridão e da estrada de asfalto esburacado, não consumiam mais de 15 minutos andando. Quem usava transporte coletivo, tinha de realizar alguns exercícios no pátio, antes de iniciar suas tarefas. Estes dois amigos, estavam liberados de tal obrigação, pois a caminhada lhes servia de aquecimento.

Matias era muito agitado. Durante o trajeto, falava e gesticulava bastante. Sua euforia era justificada, pois estavam desempregados há quase dois anos e conseguiram este razoável emprego no último mês! E por sacudir tanto, volta e meia o seu chaveiro caía do único e raso bolso que existia no uniforme azulado. O ruído de sua queda no solo era abafado pela sua voz alta e forte. No momento em que chegava ao portão da fábrica, notava que o chaveiro havia sumido! Voltavam correndo pela estrada, tateando. Por cinco vezes tiveram sorte de encontrá-lo.

Na sexta semana de trabalho, Matias avisou a Mateus:

- Agora este chaveiro sapeca da breca não vai mais me fazer voltar metade do caminho. Pendurei um guizo nele. Quando ele cair no chão, o ruído será suficiente para nos alertar. Creio que agora consegui atingir a QUALIDADE TOTAL!  

Na madrugada seguinte o fato voltou a ocorrer. O chaveiro caiu, o guizo fez ruído e ambos não gastaram mais de quinze segundos à cata do objeto. 

Três noites depois, Mateus tropeçou numa pedra, mas conseguiu se equilibrar. Ouviu-se um guizo estridente na escuridão. Matias falou:

- Pensei que seu chaveiro nunca iria cair do seu bolso. Deu zebra. Confesso que torci para que isto ocorresse um dia, para que eu lhe retribuísse o trabalho que você já teve comigo. Fico muito feliz por você ter copiado minha ideia do guizo. Pode deixar que eu vou encontrá-lo em dez segundos! 

- Não percamos tempo com isto, Matias. Amarrei um fio de nylon bem fino no dito cujo. A outra ponta, atei na quinta casa do botão do meu macacão. Só que já estou pensando em alguma coisa mais moderna, que aumente a Qualidade. Viu? Já recolhi o chaveiro ao bolso. Quando ouvi o guizo, bastou puxar o fio. Vamos em frente enquanto lhe relato uma ideia que me ocorreu neste momento. 

- Agora vamos pensar num jeito de produzir uma “chave” que abra a mente dos eleitores que não percebem que são enganados pelos “mesmos” com as “mesmas” promessas desde quando criaram (?) a república para “escolhermos” (?) nossos representantes públicos. 

- Creio que este projeto deve ser iniciado pela abertura da Educação ADEQUADA para TODA a população. Ocorre que os “mesmos” não sugerem esta pauta para não perderem o controle sobre os excluídos de oportunidades para estudar. 

- Então, na atual situação de emergência, devemos usar uma “gazua” para abrir esta porta:

Votando NULO, significando: ”NÃO queremos mais estes ratos no poder!”. 

Se 80% dos eleitores adotarem este procedimento emergencial desesperado, produziremos um grito que deverá ouvido além das fronteiras e será dado o primeiro passo real para nossa independência. 

Que tal treinar agora em novembro de 2020? 

Título e Texto: Haroldo P. Barboza, 16-9-2020

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