Humberto Pinho da Silva
Quando era menino, meu pai resolveu visitar
pequeno povoado, para os lados de Penafiel.
Soubera, por familiares, que os ascendentes, por
parte materna, eram desse lugarejo. A informação acicatou-lhe a curiosidade.
Ao chegar à aldeia procurou indagar se ainda
existiam parentes.
De inculca em inculcas, descobriu que havia
humilde alfaiate casado com mulher cujo sobrenome era igual ao da sua bisavó.
Bateu-lhe ao ferrolho e, após curta conversa, veio
a saber que a dona da casa era realmente parente, embora afastada.
A mulher ficou contentíssima por conhecer que
tinha parentes, que viviam na cidade, e que a procuravam para lhe dar um abraço
de amizade.
Escancarou, sem receio, a modesta casa e, como lhe
gabassem as expelidas begónias que possuía, apressou-se a oferecer uma.
A filha, lavradeira, que morava perto, ao conhecer
a nossa chegada, veio ligeira ao nosso encontro, convidando-nos a visitar a sua
casa de lavoura: "É pobrezinha, mas limpinha. Temos pão e vinho em
abundância, graças a Deus..."
Fomos. Na farta e rija mesa de madeira coberta com
alva toalha de linho, havia iguarias do campo, e excelente vinho verde, acabado
de ser retirado na fresca adega.