Cristina Miranda
Fui militante do PSD até ao
surgimento de novos partidos à direita. Confesso que a saída de Passos Coelho,
deixando um vazio de liderança no partido, foi decisiva para a mudança do meu
voto. Como podia aceitar que, depois de um excelente trabalho de resgate do
nosso país da bancarrota deixada por Sócrates — onde já só havia dinheiro para
pagar salários públicos por mais um mês — e que deu a vitória a Passos Coelho
nas eleições de 2015, mesmo com maioria relativa, este líder fosse impedido de
começar a governar? (Sim, porque durante quatro anos limitou-se a cumprir o
programa da Troika, não governou propriamente.) Como podia aceitar que o
próprio PSD tivesse contribuído internamente para o seu afastamento?
Depois do golpe da
“geringonça” e mais quatro anos de “costismo”, o mínimo que se esperava de uma
AD vencedora, mesmo em minoria, era unir-se à direita e afastar o socialismo
(que nos empobreceu com três bancarrotas) da governação, como denunciavam os resultados
eleitorais de 2024.
Em 365 dias de governação,
podia ter usado a maioria parlamentar já existente à direita para aprovar
urgentemente medidas estruturais fulcrais. Mas, em vez disso, seguiu com o “não
é não” do politicamente correto (porque “ficava mal” negociar com o “bicho-papão
extremista” do Chega, criado apenas pela propaganda mediática, e que na verdade
não passa de um partido de direita conservadora), e fez disso a sua bandeira,
ignorando a vontade popular expressa nos votos dos restantes partidos à
direita.
Um verdadeiro líder representa
todos os cidadãos, não apenas alguns. Um verdadeiro líder nunca volta as costas
à expressão popular dos resultados eleitorais. Quem insiste em ignorar a voz do
povo acaba, mais dia menos dia, por perder o seu apoio. O crescimento
exponencial do Chega é prova disso mesmo.
Em 365 dias, com a aprovação da maioria parlamentar à direita, podia, por esta ordem:
·
Ter auditado todo o aparelho de Estado para
saber o que fazem os responsáveis públicos com o dinheiro dos contribuintes;
extinguir gastos supérfluos; reduzir o Estado, em vez de ter contribuído, como
foi o caso durante o seu mandato, para o seu maior crescimento de sempre. Uma
governação responsável começa com uma auditoria ao aparelho do Estado. Mas isso
nunca foi feito por nenhum partido. E eu sei porquê: é preciso manter algum
caos na base da pirâmide para que não se observe o que se passa no topo.
·
Eliminar o “saco azul” do Orçamento de Estado.
·
Criar medidas estruturais e imediatas de combate
à corrupção nos cargos públicos, de norte a sul do país.
·
Estabelecer objetivos sérios de prejuízos zero
para as administrações públicas, substituindo-as através de concurso público
sempre que não os cumprissem.
·
Expulsar quem estivesse irregular no país, com
cadastro ou que tivesse cometido crimes em território nacional.
·
Acabar com as listas de espera na saúde, fazendo
protocolos com privados, permitindo que, com apenas uma credencial do médico de
família, fosse possível realizar cirurgias, consultas ou tratamentos em
qualquer hospital privado do país, enquanto se reformava o SNS.
·
Repor os contratos de associação com escolas
privadas, garantindo a liberdade de escolha na educação.
·
Eliminar imediatamente a doutrinação ideológica
de género nas escolas, suprimindo a sexualização precoce de crianças e os
tratamentos de mudança de género em pré-adolescentes.
·
Abrir concursos públicos para mais creches e
habitação social, recuperando imóveis do Estado.
·
Celebrar protocolos com privados nos transportes
públicos, tornando-os mais eficientes, mais baratos e mais acessíveis.
·
Retirar o nosso país da Agenda 2030, que
representa uma tentativa de controlo absoluto das populações. Em vez disso,
apoiou-a e alinhou com Ursula von der Leyen na censura das redes sociais.
·
Criar mecanismos de transparência no setor
público, como uma plataforma acessível ao cidadão com dados detalhados sobre
toda a atividade do Estado: pagamentos, compras, impostos cobrados e sua
aplicação.
·
Incluir a participação popular nas decisões
públicas com impacto na sociedade, como acontece na Suíça, em prol de uma
verdadeira democracia.
O país está farto de
politiquice entre esquerda e direita. Os cidadãos querem ver o país a ser
gerido com seriedade e rigor. Sem isso, não há Estado social, mas sim um Estado
escravizador que sobrecarrega a minoria que trabalha para sustentar a maioria que
vive de apoios. Isto não é igualdade de direitos; é escravidão
institucionalizada.
Mas não o fez. Disse que não
teve tempo. Que não o deixaram trabalhar. Como assim, se nem sequer apresentou
medidas estruturais? Já observou Donald Trump? Sim, o indivíduo a quem chamam
de louco, mas que em 100 dias implementou reformas estruturais que reverteram o
rumo decadente dos EUA. Que me importa a retórica, se em 365 dias teve menos
resultados que esse “louco” presidente americano em apenas 100?
Em vez de negociar com o Chega
para reformas estruturais (e responsabilizá-lo, caso negasse), preferiu
“namorar” o PS, um partido derrotado e responsável pelo estado de calamidade em
que nos encontramos.
Só durante a campanha
eleitoral acordou para o verdadeiro drama da imigração descontrolada. Até lá,
eram apenas “sensações de insegurança”. Enalteciam-se os novos portugueses com
“cidadania expresso” vendida em lojas de “souvenirs” no Bem Formoso, sem controlo,
com cadastro criminal, como alguns membros do PCC do Brasil. Onde estava quando
Costa assinou o Pacto Global das Migrações? Não precisa de responder: estava no
PSD, a apoiar o acordo assinado em Marraquexe, que obriga os seus membros a
garantir regalias sociais e financeiras a todos os migrantes.
Em resumo, enquanto esteve no
poder, fez muito poucochinho:
Durante os primeiros nove
meses, aprovou medidas em áreas como fiscalidade,
habitação, saúde, educação, segurança e mobilidade. Mas a que mais se
destacou foi esta: 55
milhões de euros para os media e apoios à comunicação social: “em
outubro, foi apresentado um plano para o sector, incluindo incentivos à
contratação de jornalistas e a oferta de assinaturas digitais de jornais a 400
mil alunos do ensino secundário.” De facto, uma medida de extrema necessidade…
Sim, o PSD apoiou a assinatura
do Pacto
Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular das Nações Unidas.
Este pacto foi aprovado pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2018, com o
apoio de Portugal. O PSD tem mantido uma postura favorável à sua implementação
e comprometeu-se, no programa
eleitoral de 2024, a seguir os seus princípios e os do espaço Schengen.
Não há como negar este facto. Lamento.
Agora, com o “tsunami”
eleitoral de 2025 que colocou o Chega como segunda força política, vai manter o
“não é não”? Vai continuar a ignorar a voz do povo que quer o socialismo fora
das decisões do governo? Vai continuar o namoro ao PS das bancarrotas, da
imigração descontrolada, da precariedade, da insegurança, da censura e do
atropelo aos direitos fundamentais?
Ou, pelo contrário, será o
líder de uma nação unida em prol do bem comum, por uma
sociedade livre, próspera e ordeira, empenhado em transformar Portugal num
espelho da Suíça?
Espero, enquanto cidadã portuguesa, que desta vez opte pela última.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
24-5-2025
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