Victor Oliveira
Este jornalista de meia tigela, a semelhança de tantos outros que trocam a objetividade por opiniões embrulhadas em pseudo-factos, decidiu atacar um partido político através de estatísticas. Com a sutileza de um elefante numa loja da Vista Alegre, veio dizer que “apenas 22% dos eleitores desse partido têm curso superior. Os restantes 78% não têm licenciatura.” Uma análise que, segundo ele, serve como radiografia moral do eleitorado. Tradução livre: “votam neles porque são burros.”
Nessa tentativa desesperada de
descredibilizar o partido, o jornalista acabou por disparar ou talvez
disparatar contra um alvo muito maior, a própria população portuguesa. Porque,
segundo dados do INE, a esmagadora maioria dos portugueses não tem curso superior.
Ou seja, a multidão que paga impostos, constrói casas, conduz autocarros, donas
de casa, cuida dos filhos dos outros, trata do campo, apanha o lixo e faz o
país funcionar... não tem licenciatura.
Mas para esta b… de
jornalista, essa gente é suspeita. Afinal, como ousam formar uma opinião
política sem terem lido Jürgen Habermas no original, feito Erasmus ou um
estágio curricular numa ONG europeia com café de especialidade?
Este tipo de análise, feita por este pseudojornalista que se pretende superior, não é apenas intelectualmente preguiçosa, é socialmente nojenta para não dizer demente. Colocar um rótulo de ignorância sobre milhões de eleitores só porque não passaram pela universidade revela uma arrogância digna de qualquer clube de liceu esnobe, onde o número de palavras caras é inversamente proporcional ao contacto com a realidade.
Nunca é demais relembrar: ter
um diploma não é sinônimo de lucidez política. Basta olhar para a quantidade de
licenciados que ocupam cargos públicos. Num país onde ser “doutor” ainda é um
símbolo de status, temos políticos que nunca exerceram uma profissão a sério ou
fizeram um real uso do canudo, mas que estão habilitados a gerir milhões.
Afinal, gerir um orçamento público não é muito diferente do que gerir a mesada
dos pais no tempo da faculdade. Só que com mais zeros, menos responsabilidades
e, claro, com o conforto de saber que o dinheiro nunca é deles. O pilim é do
povo, essa entidade mística que só é lembrada quando se aproximam eleições.
Este (deem-lhe o nome que
quiserem) jornalista, tentou pintar o partido como antro de ignorantes e acabou
por se revelar como aquilo que verdadeiramente é: um avençado do sistema mais
preocupado em parecer inteligente do que em compreender o país que tem à sua
frente. O povo já está farto e não necessita de elitismo barato e muito menos
de tutores morais com diploma, gravata e uma crônica semanal onde confundem
opinião com superioridade.
Imagem e Texto: Victor
Oliveira, Facebook,
20-5-2025, 17h25; Título: JP
[Daqui e Dali] Vamos falar de política
E a imprensa, como fica a 19 de maio?
Três milhões, trezentos e nove mil, quatrocentos e quatro sadomasoquistas
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