quinta-feira, 15 de maio de 2025

Pressão dos EUA pode ter forçado o estado profundo alemão a abandonar a perseguição e a vigilância sobre o AfD

Paulo Hasse Paixão

A agência de espionagem doméstica alemã suspendeu os métodos de vigilância autoritária sobre o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), e a pressão da administração Trump pode ter desempenhado um papel significativo no processo.

O Gabinete Federal Alemão para a Proteção da Constituição (BfV), a poderosa agência de espionagem interna do país, tinha rotulado o AfD como uma “organização de extrema-direita confirmada”, abrindo caminho para a interdição do partido populista, antes de suspender essa designação na semana passada. A principal razão apresentada para essa retirada foi o facto de o AfD estar a recorrer da designação em tribunal e de a agência ter decidido esperar pela conclusão desse recurso para decidir se mantém a sua conclusão oficial.

No entanto, vozes importantes nos Estados Unidos, que são um importante aliado da Alemanha, criticaram imediatamente a designação numa linguagem lapidar, com o Secretário de Estado Marco Rubio a chamar-lhe “tirania disfarçada” e o senador norte-americano Tom Cotton, presidente do poderoso Comité de Inteligência do Senado dos EUA, a solicitar à directora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard (DNI), que suspendesse a cooperação entre os Estados Unidos e a Alemanha em matéria de inteligência.

De acordo com Cotton, as atividades de vigilância politicamente motivadas das autoridades alemãs assemelham-se a métodos utilizados por ditaduras, que são impróprios de um aliado democrático. A este propósito Cotton declarou:

“Em vez de tentar enfraquecer o AfD utilizando as ferramentas dos Estados autoritários, o novo governo alemão poderia ser melhor aconselhado a considerar por que razão o AfD continua a ganhar terreno eleitoral.”

A posição da administração Trump e de Tom Cotton sobre esta matéria espoletou uma ruptura drástica entre os dois aliados e até mesmo uma ameaça à segurança nacional da Alemanha, o que aumentou a parada na acção autoritária do estabelecimento globalista para sufocar a oposição política. Actualmente, o AfD é o maior partido da oposição no país e, pela primeira vez, ficou em primeiro lugar nas sondagens do mês passado.

Alice Weidel, co-presidente do AfD, disse que a pressão americana estava por trás da retirada do rótulo de designação do AfD pelo BfV. Joachim Steinhöfel, um advogado que defende a liberdade de expressão, disse à NIUS que a acção do BfV é “uma rendição completa dos serviços secretos alemães”. Steinhöfel sublinhou ainda que a influência dos EUA é vital, mostrando-se grato por esse exercício de influência:

“Também temos de agradecer aos americanos por exercerem uma enorme pressão.”

A Alemanha recorre frequentemente a parceiros externos para espiar os seus próprios cidadãos, uma vez que tem leis de privacidade muito rigorosas. Pensa-se que a NSA é especialmente activa na vigilância dos alemães. Por conseguinte, qualquer retirada dos EUA do fluxo de partilha de informações poderia ser desastrosa para o estabelecimento Alemão e o seu braço armado: os serviços secretos.

A retirada temporária da designação foi muito bem recebida pelo AfD, uma vez que dá espaço ao partido para respirar. Por um lado, uma votação sobre a proibição do partido tem poucas hipóteses de avançar sem essa designação. Por outro, o BfV já não tem os meios legais para vigiar todo o partido e os seus membros sem um mandado, incluindo a leitura de e-mails e chats, bem como inundá-lo com informadores.

Assim sendo, os serviços secretos alemães estão a ser forçados a repensar a sua política de vigilância, à medida que as divisões políticas aumentam. No entanto, se o tribunal de recurso concordar com o BfV e considerar que o AfD pode ser classificado como extremista de direita, a interdição pode voltar a colocar-se. Não se sabe ao certo quanto tempo demorará este processo de recurso, se meses ou mesmo anos; no entanto, o coro crescente da esquerda alemã, bem como da União Democrata-Cristã (CDU), para banir o AfD continua intenso.

Se isso acontecer, as tensões entre os EUA e a Alemanha poderão atingir novos patamares de desagravo.

Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 15-5-2025

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-