quarta-feira, 5 de junho de 2013

O culpado é o mordomo: Ministério da Saúde demite responsável por campanha ‘Sou feliz sendo prostituta’

Dirceu Greco, do Departamento de DSTs, foi demitido a pedido de ministro e peça com o texto foi retirada do ar
Deputados criticam campanha e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara cobra explicações do Ministério da Saúde
Flávia Pierry e André de Souza
Após a divulgação de uma campanha para o Dia Internacional das Prostitutas com a frase “Sou feliz sendo prostituta", o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou a demissão do diretor do departamento responsável pela peça, Dirceu Greco. A campanha foi criada pelo Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais do ministério, chefiado por Greco, em uma oficina com as profissionais do sexo, em março deste ano. A pasta justifica que o departamento veiculou a campanha sem a aprovação da Comunicação Social do ministério.
A peça, divulgada nas redes sociais do Departamento de DSTs no dia 2 de junho, foi retirada do ar a pedido de Padilha. Segundo o ministério, o texto não atendia o foco da campanha, que era a saúde dessas profissionais.
Os panfletos da campanha traziam fotos de prostitutas e frases sobre a profissão e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. O material foi produzido após a realização de uma oficina com as profissionais em João Pessoa (PB), em março, para abordar os cuidados com a saúde. Representantes de organizações não-governamentais, associações e movimentos sociais que atuam com as profissionais do sexo de todas as regiões do país participaram do evento.

Na tarde desta terça-feira, o panfleto com a frase "Sou feliz sendo prostituta" virou alvo dos deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Por iniciativa do seu presidente, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), a comissão decidiu que vai cobrar esclarecimentos da pasta.
A discussão começou quando discutiam um requerimento do deputado Costa Ferreira (PSC-MA), em que ele pedia a realização de audiência pública para debater políticas que visam a valorização e a proteção da família. Feliciano aproveitou esse requerimento para incluir nele o pedido de informações ao Ministério da Saúde.
— Já vou pedir à mesa para incluir nesta pauta um requerimento de informação ao Ministério da Saúde sobre essa famigerada campanha — disse Feliciano.
O mais duro nas críticas foi o deputado João Campos (PSDB-GO), da bancada evangélica. Ele acusou a presidente Dilma Rousseff de não cumprir compromissos assumidos durante a campanha eleitoral e chegou a comparar a situação com uma hipotética campanha sobre a pedofilia.
— Eu estou imaginando aqui os títulos das próximas campanhas: "sou adúltero e sou feliz", "sou incestuoso, sigam-me", "sou polígamo, me acompanhem", "sou pedófilo, observem-me, sou feliz, estou realizado" — afirmou Campos.
— Que isso não aconteça — respondeu Feliciano.
— Ainda que a prática da prostituição não seja crime, o que o governo faz através de uma campanha midiática, publicitária é uma apologia ao crime, apologia à prostituição — acrescentou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
Título e Texto: Flávia Pierry e André de Souza, O Globo, 05-06-2013

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