O general Leopoldino Fragoso
do Nascimento é a segunda figura angolana, com uma fortuna devidamente
identificada e em seu nome, acima de um bilião de dólares (mil milhões). Isabel
dos Santos é a primeira e continua a ser a única angolana que consta da lista
de bilionários da Forbes, com uma fortuna avaliada em mais de US $3 biliões.
Consultor do chefe do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do
presidente da República, o general Leopoldino Fragoso do Nascimento é bem
conhecido em Angola como delfim e testa-de-ferro do presidente José Eduardo dos
Santos.
Segundo investigação do
jornalista Michael Weiss, publicada ontem, 13 de Fevereiro, pela revista
norte-americana Foreign
Policy, só a participação societária do general Dino na multinacional
Puma Energy International, de 15 por cento, confere-lhe uma fortuna de US $750
milhões. A Puma Energy é uma subsidiária da multinacional suíca Trafigura,
considerada como o terceiro maior negociante privado de petróleo e metais, a
nível mundial.
Weiss revelou ainda que em
2010 o general pagou US $213 milhões pela aquisição de 18.75 por cento do capital
da Puma Energy, que está avaliada em US $5 biliões. No entanto, em 2011, as
acções do general baixaram para 15 por cento, segundo documentos a que teve
acesso.
Nos últimos anos, de acordo
com a investigação, a Trafigura tem “cultivado interesses comerciais lucrativos
em Angola e tem adquirido acções em pelo menos sete empresas diferentes, desde
o imobiliário ao transporte marítimo de carga”.
No sector dos petróleos, a
Trafigura controla actualmente a importação de derivados de petróleo para
Angola, assim como detém o monopólio da distribuição de derivados de petróleo.
As suas bombas de combustível Pumangol têm registado uma expansão meteórica e,
em breve, deverão suplantar a rede da Sonangol.
As relações entre a Trafigura e Angola não envolvem apenas o general Dino, mas são extensivas ao triunvirato da presidência, que tem como membros mais influentes o vice-presidente da República, Manuel Vicente, e o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”.
No artigo da Foreign
Policy, a Trafigura defende o general Dino como um dos maiores empresários
angolanos e alega que o mesmo não desempenha qualquer cargo oficial no aparelho
de Estado.
Em resposta, o responsável do Maka
Angola, Rafael Marques de Morais, nota que em 2010 o general Dino, então
chefe de comunicações do presidente, assumiu novas funções como consultor do
general Kopelipa. Oficialmente, continua a exercer as mesmas funções, que fazem
dele um funcionário público. Em Angola, segundo a Lei da Probidade, os
funcionários públicos não podem acumular funções públicas e privadas, de
carácter comercial e lucrativo, nem realizar negócios privados com o Estado,
para enriquecimento pessoal.
A Sonangol Holdings é sócia do
general na Puma Energy. Em 2011, de acordo com o Financial Times, a
Sonangol pagou US $500 milhões por 10 por cento das acções, obtendo uma
participação total de 30 por cento. Ao todo, o regime angolano detém 45 por
cento da Puma Energy.
“Onde é que o general arranjou
os US $213 milhões para investir?” – é esta a questão central apresentada pelo
jornalista Michael Weiss.
Para além de ser o único nome
listado como proprietário da Cochan Bahamas, empresa usada na compra de acções
da Puma Energy, o general Dino também detém 50 por cento da DTS Holdings, outra
subsidiária da Trafigura, cuja refinaria de petróleo valia, em 2011, mais de US
$3.3 biliões, segundo a Foreign Policy.
Em Angola, com participações
societárias qualificadas na UNITEL, na Biocom, na rede de supermercados Kero,
no grupo Medianova (detentora da TV Zimbo, semanário O País,
etc.), o general Dino ultrapassa largamente a fasquia de um bilião de dólares.
Com o seu percurso de general
de gabinete, Leopoldino Fragoso do Nascimento é, certamente, o mais
privilegiado dos oficiais das Forças Armadas Angolanas nos esquemas de
corrupção e saque do património público, apenas superado pelo seu chefe e
sócio, o general Kopelipa, que se tornou na figura mais poderosa de Angola,
logo depois de José Eduardo dos Santos.
Grande parte dos US $114
biliões do Produto Interno Bruto de Angola – realça o artigo – desaparece dos
cofres do Estado ou vai parar directamente aos bolsos dos governantes.
Como constata Michael Weiss,
“os regimes revolucionários comunistas têm o estranho hábito de se
transformarem em corruptos praticantes do capitalismo selvagem, e Angola – com
as suas grandes reservas de petróleo e profusão de bilionários – tem provado
não ser excepção”.
Título, Imagem e Texto: Maka Angola, 14-02-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-