Luciano Henrique
Qualquer pessoa em sã
consciência e que não esteja enriquecendo com o socialismo (sempre às
custas do dinheiro alheio) sabe que tudo nunca passou de um grande embuste para
dar poder a pessoas mais espertas. Ainda assim, eles tentam nos enganar com os
mesmos truques de sempre.
Esse é o caso do texto Manifesto sobre a esquerda caviar, escrito por Rosana
Pinheiro-Machado, para a Carta Capital. A peça é tão bizarra como foram as
desculpas esfarrapadas da tropa de Edir Macedo depois da histórica filmagem
deles rindo diante do dinheiro de seus fiéis.
Antes, temos que reconhecer os
fatos: é claro que o termo “esquerda caviar”, popularizado depois do livro de
Rodrigo Constantino, os irritou muito. Eles finalmente foram expostos ao
público como o que realmente são. Hipócritas, nos casos dos que enriquecem a
partir do discurso esquerdista, e tontos, no caso dos que não levam nada com
isso. Como sempre, o mundo é dos espertos.
Depois de um ataque tão
fulminante, é natural que fossem surgir racionalizações para dizer que “não há
nada de errado em termos morais com a esquerda caviar”. Mas nós sabemos
que depois dos petistas dizendo que o Petrolão “prova a inocência do PT diante
de maquiavélicas empreiteiras” o julgamento moral dessa gente deve ser
entendido pelo inverso.
O principal ardil dessa
senhora é o reforço da fraude. É assim que funciona: imagine que alguém
seja pego com um cartão clonado de outra pessoa. Diante da polícia, o fraudador
pode arrumar uma desculpinha para a sua fraude. Ou tentar fugir. Ou pode, com
um tanto de teatro, dizer: “este é o cartão legítimo, o daquela dona que está
me denunciando é o fraudado”. Quer dizer, mesmo sendo pego fraudando a
figurinha ainda tenta fazer os outros engolirem a fraude. Isto é o que se chama
de reforço de fraude. Algo com que os auditores de fraudes se divertem muito.
Comigo, um ex-auditor, isso não poderia ser diferente.
Portanto, quando Rosana diz
que o socialismo quer “reivindicar a abundância, a distribuição de renda e
o direito ao prazer”, para justificar a existência da esquerda caviar, ela nada
mais faz do que reforçar a fraude. Enquanto já está mais claro que o socialismo
foi feito para dar poder aos donos do estado e criar uma legião de miseráveis
(ou seja, alcançar o cúmulo da desigualdade) ela nos diz que “não, não é não, é
feito para dar abundância, distribuição de renda e o direito ao
prazer”. Sim, exatamente como na Coréia do Norte, na Venezuela e em Cuba.
Deve ser um prazer inenarrável por lá. Para os pouquíssimos espertos, claro.
Segundo Rosana, “a
pobreza é uma invenção do capitalismo”. Para ela, antes do surgimento do
livre mercado todo muito vivia na abundância. Era uma maravilha. Bem, só se for
nos livros de história de Rosana, tão falsos quanto o cenário do filme “Adeus,
Lênin” (clique aqui para assistir), no qual os filhos de uma senhora
fingem para ela que o Muro de Berlim ainda não caiu. Tudo para que ela não
tenha um colapso, pois a mãe realmente acreditava de verdade nessa bobagem
marxista.
Havia uma frase no filme do
Batman: “Não é o que você é por dentro que lhe define e sim o que você faz”. Eu
a mudaria para explicar o socialismo: “Não é o que você declara desejar que te
define e sim o que você faz”. O único recurso de Rosana é dizer que o
socialismo questionava “o monopólio do deleite”. Não, isso é o que ela diz que
o socialismo questiona. O socialismo sempre questionou o seguinte: “Como faço
para encher os bolsos de dinheiro estatal assim que tomar o poder e ficar um
bom tempo por lá de forma totalitária?”. O resto é encenação que coloca os
socialistas funcionais na mesma posição patética da mãe do filme “Adeus, Lênin”,
onde há uma falsa realidade fabricada para enganar quem não é capaz de
suportar a realidade.
Rosana ainda tenta o recurso
canalha de sempre usado por qualquer doutrinador marxista, afirmando que há
países pobres por causa de “espoliação violenta – física e psicologicamente –
de continentes inteiros, de povos nativos que desconheciam a miséria e que se
mantinham por meio de regimes autossustentáveis e autorregulados.” Na ótica
dela, eram países tão ricos e autossustentáveis que foram facilmente colonizados.
Rosana realmente despreza a inteligência de seus leitores.
Como todo socialista atual,
Rosana apela a Thomas Piketty. Ela só não conta aos seus leitores que a
desigualdade aumentou não no capitalismo, mas em sociedades cada vez mais
estatizadas.
Não podemos deixar de esquecer
momentos hilariantes, onde ela diz que não há qualquer problema moral com a
“esquerda caviar”, pois o princípio da luta de classes é o “de que é preciso
encontrar um equilíbrio entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco.”
Calma, calma, muita calma
nesta hora.
Se existe esse tal princípio
(sabemos que não existe, mas consideremos que exista a título de argumentação,
por caridade natalina) então onde ela valida a ideia de que é justo alguns
socialistas ganharem dinheiro sem fazer nada, a partir do estado, enquanto a
maioria de seus funcionais não leva uma moedinha com isso? Ora, a
“esquerda caviar” é exatamente amparada em ter muito, sem fazer nada
(quase sempre a partir de mamatas estatais), a partir do fingimento de que se
luta “por distribuição”. Aliás, onde que Lei Rouanet é distribuição de renda
para pobres? Em que hospício disseram para ela que enriquecimento a partir de
ONG’s mantidas pelo estado é distribuição de renda para os pobres? Esse tipo de
cinismo adotado por Rosana é macabro.
Mas o que ela quer? Que
ninguém se preocupe com esses aproveitadores do dinheiro público alheio. Por
isso, todo esse manifesto é para pedir que ninguém mais se preocupe “com a
marca do computador de Leonardo Sakamoto ou com o restaurante que Gregório
Duvivier frequenta”. Segundo ela, essa preocupação é mesquinharia. Ou seja, a
partir do momento em que alguém declara ser socialista está moralmente liberado
para não ser mais questionado sobre enriquecimento a partir de verba estatal, e
nem por suas contradições entre o que finge acreditar e a forma como realmente
se comporta. Ela é ou não é uma figurinha carimbada?
Um texto tão doentio só
poderia terminar com a seguinte pérola: “Grandeza e ousadia epistêmicas são
qualidades necessárias para enfrentar o monstro gigante que detém uma centena
de trilhões de dólares.”
Só que esse monstro se chama
estado inchado, e em países como China, Coréia do Norte e Venezuela já consegue
devastar sua população. E poucos amigos do rei ganham dinheiro estatal ali,
especialmente a partir do uso de truques socialistas. E para ganhar dinheiro
nesse estado é preciso ser um socialista esperto, diante de uma legião de
socialistas iludidos.
Mas é só investigarmos o currículo de Rosana para descobrirmos a agenda:
Sou cientista social e
antropóloga. Tenho uma vida dividida entre o Brasil e a Inglaterra. Na
Inglaterra, leciono no Departamento de Desenvolvimento Internacional da
Universidade de Oxford. Mantenho atuação diversa profissional, acadêmica e
ativista no Brasil. Discuto o Brasil, a China, os BRICS e os desafios dos
países emergentes e em desenvolvimento em geral.
Para gente assim, socialismo é
negócio. O esmagamento de seres humanos, levados intencionalmente à miséria, é
uma forma de muitos deles receberem verba estatal. Os próprios países que ela
“discute” dão um exemplo do interesse dessa gente.
Mas, enfim, se essa é a defesa
para a “esquerda caviar”, me desculpe Rosana, melhor sorte na próxima
tentativa. Ajudar a criar miséria e fingir que “quer prosperidade para todos” é
um truque que não engana mais ninguém.
E mesmo desmascarada, ela
deveria ver as coisas pelo lado positivo. Sendo esquerdista caviar, ela é
apenas hipócrita, mas muito esperta. Ao contrário da legião de coitados
que comemoram quando um líder deles enriquece com dinheiro público, mesmo
que esse líder não lhes dê nada em troca. Aí já seria doença mental.
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