quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Manifesto contra a cara de pau da esquerda caviar

Luciano Henrique
Qualquer pessoa em sã consciência e que não esteja enriquecendo com o socialismo (sempre às custas do dinheiro alheio) sabe que tudo nunca passou de um grande embuste para dar poder a pessoas mais espertas. Ainda assim, eles tentam nos enganar com os mesmos truques de sempre.

Esse é o caso do texto Manifesto sobre a esquerda caviar, escrito por Rosana Pinheiro-Machado, para a Carta Capital. A peça é tão bizarra como foram as desculpas esfarrapadas da tropa de Edir Macedo depois da histórica filmagem deles rindo diante do dinheiro de seus fiéis.

Antes, temos que reconhecer os fatos: é claro que o termo “esquerda caviar”, popularizado depois do livro de Rodrigo Constantino, os irritou muito. Eles finalmente foram expostos ao público como o que realmente são. Hipócritas, nos casos dos que enriquecem a partir do discurso esquerdista, e tontos, no caso dos que não levam nada com isso. Como sempre, o mundo é dos espertos.

Depois de um ataque tão fulminante, é natural que fossem surgir racionalizações para dizer que “não há nada de errado em termos morais com a esquerda caviar”. Mas nós sabemos que depois dos petistas dizendo que o Petrolão “prova a inocência do PT diante de maquiavélicas empreiteiras” o julgamento moral dessa gente deve ser entendido pelo inverso.

O principal ardil dessa senhora é o reforço da fraude. É assim que funciona: imagine que alguém seja pego com um cartão clonado de outra pessoa. Diante da polícia, o fraudador pode arrumar uma desculpinha para a sua fraude. Ou tentar fugir. Ou pode, com um tanto de teatro, dizer: “este é o cartão legítimo, o daquela dona que está me denunciando é o fraudado”. Quer dizer, mesmo sendo pego fraudando a figurinha ainda tenta fazer os outros engolirem a fraude. Isto é o que se chama de reforço de fraude. Algo com que os auditores de fraudes se divertem muito. Comigo, um ex-auditor, isso não poderia ser diferente.

Portanto, quando Rosana diz que o socialismo quer “reivindicar a abundância, a distribuição de renda e o direito ao prazer”, para justificar a existência da esquerda caviar, ela nada mais faz do que reforçar a fraude. Enquanto já está mais claro que o socialismo foi feito para dar poder aos donos do estado e criar uma legião de miseráveis (ou seja, alcançar o cúmulo da desigualdade) ela nos diz que “não, não é não, é feito para dar abundância, distribuição de renda e o direito ao prazer”. Sim, exatamente como na Coréia do Norte, na Venezuela e em Cuba. Deve ser um prazer inenarrável por lá. Para os pouquíssimos espertos, claro.

Segundo Rosana, “a pobreza é uma invenção do capitalismo”. Para ela, antes do surgimento do livre mercado todo muito vivia na abundância. Era uma maravilha. Bem, só se for nos livros de história de Rosana, tão falsos quanto o cenário do filme “Adeus, Lênin” (clique aqui para assistir), no qual os filhos de uma senhora fingem para ela que o Muro de Berlim ainda não caiu. Tudo para que ela não tenha um colapso, pois a mãe realmente acreditava de verdade nessa bobagem marxista.

Havia uma frase no filme do Batman: “Não é o que você é por dentro que lhe define e sim o que você faz”. Eu a mudaria para explicar o socialismo: “Não é o que você declara desejar que te define e sim o que você faz”. O único recurso de Rosana é dizer que o socialismo questionava “o monopólio do deleite”. Não, isso é o que ela diz que o socialismo questiona. O socialismo sempre questionou o seguinte: “Como faço para encher os bolsos de dinheiro estatal assim que tomar o poder e ficar um bom tempo por lá de forma totalitária?”. O resto é encenação que coloca os socialistas funcionais na mesma posição patética da mãe do filme “Adeus, Lênin”, onde há uma falsa realidade fabricada para enganar quem não é capaz de suportar a realidade.

Rosana ainda tenta o recurso canalha de sempre usado por qualquer doutrinador marxista, afirmando que há países pobres por causa de “espoliação violenta – física e psicologicamente – de continentes inteiros, de povos nativos que desconheciam a miséria e que se mantinham por meio de regimes autossustentáveis e autorregulados.” Na ótica dela, eram países tão ricos e autossustentáveis que foram facilmente colonizados. Rosana realmente despreza a inteligência de seus leitores.

Como todo socialista atual, Rosana apela a Thomas Piketty. Ela só não conta aos seus leitores que a desigualdade aumentou não no capitalismo, mas em sociedades cada vez mais estatizadas.

Não podemos deixar de esquecer momentos hilariantes, onde ela diz que não há qualquer problema moral com a “esquerda caviar”, pois o princípio da luta de classes é o “de que é preciso encontrar um equilíbrio entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco.”
Calma, calma, muita calma nesta hora.

Se existe esse tal princípio (sabemos que não existe, mas consideremos que exista a título de argumentação, por caridade natalina) então onde ela valida a ideia de que é justo alguns socialistas ganharem dinheiro sem fazer nada, a partir do estado, enquanto a maioria de seus funcionais não leva uma moedinha com isso? Ora, a “esquerda caviar” é exatamente amparada em ter muito, sem fazer nada (quase sempre a partir de mamatas estatais), a partir do fingimento de que se luta “por distribuição”. Aliás, onde que Lei Rouanet é distribuição de renda para pobres? Em que hospício disseram para ela que enriquecimento a partir de ONG’s mantidas pelo estado é distribuição de renda para os pobres? Esse tipo de cinismo adotado por Rosana é macabro.

Mas o que ela quer? Que ninguém se preocupe com esses aproveitadores do dinheiro público alheio. Por isso, todo esse manifesto é para pedir que ninguém mais se preocupe “com a marca do computador de Leonardo Sakamoto ou com o restaurante que Gregório Duvivier frequenta”. Segundo ela, essa preocupação é mesquinharia. Ou seja, a partir do momento em que alguém declara ser socialista está moralmente liberado para não ser mais questionado sobre enriquecimento a partir de verba estatal, e nem por suas contradições entre o que finge acreditar e a forma como realmente se comporta. Ela é ou não é uma figurinha carimbada?
Um texto tão doentio só poderia terminar com a seguinte pérola: “Grandeza e ousadia epistêmicas são qualidades necessárias para enfrentar o monstro gigante que detém uma centena de trilhões de dólares.”

Só que esse monstro se chama estado inchado, e em países como China, Coréia do Norte e Venezuela já consegue devastar sua população. E poucos amigos do rei ganham dinheiro estatal ali, especialmente a partir do uso de truques socialistas. E para ganhar dinheiro nesse estado é preciso ser um socialista esperto, diante de uma legião de socialistas iludidos.

Mas é só investigarmos o currículo de Rosana para descobrirmos a agenda:
Sou cientista social e antropóloga. Tenho uma vida dividida entre o Brasil e a Inglaterra. Na Inglaterra, leciono no Departamento de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Oxford. Mantenho atuação diversa profissional, acadêmica e ativista no Brasil. Discuto o Brasil, a China, os BRICS e os desafios dos países emergentes e em desenvolvimento em geral.

Para gente assim, socialismo é negócio. O esmagamento de seres humanos, levados intencionalmente à miséria, é uma forma de muitos deles receberem verba estatal. Os próprios países que ela “discute” dão um exemplo do interesse dessa gente.

Mas, enfim, se essa é a defesa para a “esquerda caviar”, me desculpe Rosana, melhor sorte na próxima tentativa. Ajudar a criar miséria e fingir que “quer prosperidade para todos” é um truque que não engana mais ninguém.

E mesmo desmascarada, ela deveria ver as coisas pelo lado positivo. Sendo esquerdista caviar, ela é apenas hipócrita, mas muito esperta. Ao contrário da legião de coitados que comemoram quando um líder deles enriquece com dinheiro público, mesmo que esse líder não lhes dê nada em troca. Aí já seria doença mental. 
Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 17-12-2014

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