João Miranda
A crise de 2008 é conhecida
nos países anglo-saxónicos como Great Recession,
por analogia com a Long Depression de 1873 e a Great Depression de
1930. Só isto devia dar que pensar.
O CAA atribui a crise de 2008
ao excesso de liberdade dos banqueiros, na linha da esquerda, que a atribui à
falta de regulação financeira. Há quem atribua a crise aos empréstimos
sub-prime e/ou à emissão monetária dos bancos centrais. Há mesmo
quem responsabilize a crise por um único evento, a falência do Lehman Brothers.
O modelo subjacente a estas
análises é o de que o capitalismo é um sistema em estado estacionário,
ocasionalmente perturbado por erros humanos, que é necessário corrigir e
regular. Mas esse modelo não faz qualquer sentido. O capitalismo é um mecanismo
de descoberta de formas de produção mais eficientes, que torna as formas
anteriores de produção obsoletas.
O que nos leva à verdadeira
causa da crise de 2008: a crise de 2008 deveu-se ao sucesso do capitalismo em
revolucionar os processos de produção nos 30 anos anteriores, tornando
obsoletos uma grande variedade de meios de produção, de actividades económicas
e de produção. Tudo o resto é circunstancial, e poderá ter retardado a
transição para um novo sistema económico, tornando inevitável uma transição
abrupta. Por exemplo, baixas taxas de juro impostas pelos bancos centrais são
uma tentativa de manter rentáveis processos de produção obsoletos. Essas
baixas taxas de juro prolongam artificialmente a vida de projectos que deviam
ser desmantelados e abandonados para assegurar uma transição suave. Mas não
foram os bancos centrais que tornaram o fax, o CD, a máquina fotográfica ou a
livraria obsoletos. Foi o capitalismo.
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