Luciano Henrique
Se o cérebro do interlocutor editar a informação, não perceberá a
monstruosidade por trás de todo sofrimento do garoto, vítima de abuso sexual,
escravidão e diversas barbáries. Pela edição da informação, é possível até
alguém aceitar a ideia de que a grande imoralidade é a reação do garoto, não
tudo que ele vinha sofrendo.
Vemos uma situação grotesca
deste naipe no chororô depravado de Mino Carta [foto], reclamando por
causa da revelação de informações constrangedoras sobre o favorecimento do
governo à mídia que o apoie.
Vamos começar:
A Folha de S.Paulo está
de parabéns: na sua edição de quarta 17 provou que o governo federal tem
acentuadíssima vocação para mulher de apache, a gigolette que
gosta de apanhar do gigolô. Ou se trataria de uma forma aguda da síndrome de
Estocolmo? De todo modo, a reportagem desdobrada a partir da manchete da
primeira página demonstra, com precisão de teorema pitagórico, que o governo
cumula de favores aqueles que o denigrem ferozmente dia após dia.
Aqui já começa a distorção
moral dessa coisa chamada Mino Carta. O governo não tem que escolher em quem
anunciar. O princípio deve ser isonômico. Se uma publicação fala mal do governo,
há aquelas que o ajudam. E isonicamente a verba deve continuar a ser
distribuída. A questão deve ser encerrada aí.
Qualquer (veja bem: qualquer)
item da lista abaixo, se aplicado, constitui no mínimo imoralidade, e, na maior
parte das vezes, um crime:
· Prejudicar uma publicação, na distribuição de
verbas, apenas por que essa publicação não o apoia, ou está contra o governo
· Colocar o posicionamento da publicação como um
critério para merecimento ou não de verbas
· Transformar em um “favor” o cumprimento de leis
que não o encaixem nos crimes citados em (a) e (b)
Observe que para aceitar isso
é preciso de uma ética básica, que possa ser discutida sob qualquer âmbito
racional. Nada mais, nada menos.
Enquanto isso, o que Mino
Carta faz? Exatamente o oposto. Veja:
·
Diz que uma organização de mídia deve ser
prejudicada por ser contra o governo
·
Define o posicionamento da publicação como
critério para merecimento ou não de verbas
· Diz que o governo não deve fazer o “favor” de
cumprir leis ou mesmo princípios éticos que demandam isonomia
É por isso que eu digo: se
desmascararmos a encenação de gente como Mino Carta, eles não tem discurso. Ele
simplesmente defende simplesmente abominações morais e a prática do uso do
estado para favorecimento do partido no poder, e dos aliados deste partido.
O trabalho em questão, de
página inteira no interior da edição, informa que entre os anos 2000 e 2013 as
Organizações Globo ganharam 5,2 bilhões em publicidade das estatais e a Editora
Abril mais de 500 milhões. A Folha faz questão de dividir a
mídia nativa em dois campos. De um lado, a maioria das empresas, reunidas neste
canto sem maiores esclarecimentos. Do outro, as “empresas alinhadas ao
governo”, encabeçadas pela Editora Confiança, que publica CartaCapital, Carta
na Escola e Carta Fundamental. E nós não passamos de 44,3
milhões.
Você ainda não está surpreso
com o nível da cara de pau dessas figuras? Eles foram pegos recebendo verbas
desproporcionais do governo (ou seja, seus cliques e visitantes valem 900% a
mais do que aqueles dos órgãos não aliados ao governo) e, para esconder essa
baixaria, mudam desonestamente o foco da discussão para o montante total, que
não está sob discussão.
Vou explicar de forma tão
clara que até um chimpanzé adestrado consegue entender:
·
Imagine que mídia (x) tenha 100.000 visitantes,
e receba 1 milhão
·
Imagine que mídia (y) tenha 1.000 visitantes e
receba 100.000 reais
·
Isso mostra que (x) recebe R$ 10,00 por
visitante, mas (y) recebe R$ 100,00 por visitante
·
O problema de superfaturamento por visitante
está em (y), não em (x)
· Os valores absolutos não significam nada quando
estamos estudando a desproporcionalidade por clique/visitante
· Sabendo disso, essa gente diz “Ah, mas (x)
recebe 1 milhão, e eu, (y), apenas 100.000 reais. Eu sou o coitadinho”.
Somente falta de vergonha na
cara em escala patológica justificar o uso contínuo de tal truque. Deve ficar
claro que todos os blogueiros da BLOSTA se limitaram a um truque que deveria
deixá-los envergonhados a ponto de não conseguirem nem mais olhar para seus
próprios filhos.
Dirá o desavisado: alinhados e
mal pagos. Vale aqui, antes de mais nada, uma reflexão. Que significa alinhado?
No governo de Fernando Henrique, não vimos a cor de um único, escasso anúncio
de estatal. E como se deu a nossa sobrevivência nos oito anos tucanos? Teria nos
socorrido o ouro de Cuba ou de Moscou?
Mino, Mino… não chame seus
leitores de retardados. Isso não é um desrespeito apenas com os opositores, mas
principalmente com seus leitores.
Em 2002, no final do governo
de Fernando, o modelo de publicação conhecido hoje como “blog” quase não era
conhecido. Os blogs estatais não poderiam ter visto a cor de dinheiro
estatal mesmo até por que não existiam.
Claro que se surgisse um
governo tucano que cortasse verbas desses blogs apenas por apoiarem o PT isso
seria errado. Mas isso não aconteceu.
E se antes as mídias menores
não eram incluídas, hoje são. Mas isso não justifica a desproporção atual . E
esse é exatamente o problema, que Mino é incapaz de perceber.
Ao listar os pretensos
alinhados e ao não qualificar os demais, a Folha nos atribui o
papel de jornalistas de partido e com isso fornece outra prova: como sempre,
obedece aos seus naturais pendores e, no caso, manipula a informação e omite a
qualidade dos demais, alinhados de um lado só, guiados pelo pensamento único
enquanto, hipócritas inveterados, declamam sua isenção, equidistância,
pluralidade. Ou seja, inventam e mentem.
Então o Sr. Mino Carta está
desafiado a dizer qual publicação de baixo porte, de crítica ao governo, recebe
verba estatal superfaturada. Vamos ver: Blog do Coronel? Ceticismo Político? Mídia sem Máscara? Mídia@Mais? Folha Política? (O cão que fuma?) Simplesmente nenhuma
dessas organizações recebe um centavo do governo.
É um fato que nem mesmo as
ostras são capazes de ignorar: no governo petista, somente órgãos de apoio ao
governo recebem verba desproporcional.
Vale entender que na visão
de CartaCapital, o problema número 1 é a herança de três
séculos e meio de escravidão a manter de pé, até hoje, a casa-grande e a
senzala. Eis a primeira razão do atraso do Brasil.
Ai meu saco…
No parágrafo anterior essa
coisa tentou dizer que “não era alinhado”, ou era “de oposição crítica”. O
discurso sempre fica por besteiras do tipo. Agora, na maior caradura, ele lança
uma propaganda petista patética, que só engana zumbis: “Olha, o PT defende o
pessoal da senzala, os outros defendem a Casa Grande”. Propagandinha canalha e
hipócrita até dizer chega.
O Brasil vive não somente uma
crise moral, mas também a da razão. Talvez prepare o caminho para outra, maior
e fatal. Algo é certo: o Brasil não está maduro para o jornalismo honesto.
A maior crise moral existe no
fato de um governo depravado usar o estado como se fosse seu, além de não ter
vergonha de colocar seus cães latindo tentando nos convencer de que isso é
aceitável.
Mas não estamos preparados
mesmo. Jornalismo maduro, para este sujeitinho, deve ser aquele que Nicolas
Maduro criou na Venezuela. Acho que foi um ato falho da parte dele usar o termo
“maduro” em uma situação tão constrangedora para a BLOSTA. E, é claro, para uma
mídia suja recebendo dinheiro desproporcional do estado para mentir e
assassinar reputações de adversários, ninguém deveria estar preparado mesmo.
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