Rodrigo Constantino
A presidente Dilma fez um
longo pronunciamento em cadeia nacional de televisão e rádio nesse Dia
Internacional da Mulher. Como não poderia deixar de ser, vindo de quem vem,
houve um abuso da “cartada sexual” logo no começo, com Dilma se colocando num
papel especial só por ser mulher. Ou seja, esqueçam os argumentos, os fatos,
pois o importante é “sentir”, algo que todas as mulheres podem compreender.
Em seguida, Dilma mostrou
porque jamais poderia ser uma estadista, sendo apenas uma populista de quinta
categoria. Vive em campanha eleitoral, não pensa no longo prazo, quer apenas
ludibriar o eleitor. É incapaz de reconhecer um único erro. Conseguiu colocar
até a alta das tarifas de eletricidade na conta de uma seca, ou seja, não tem
nada a ver com a desorganização no setor após várias decisões demagógicas
tomadas por seu governo, que resolveu reduzir na marra as tarifas antes, de
olho nas eleições.
Dilma insistiu na desculpa
esfarrapada da crise internacional, a “mais severa desde a crise de 1929″.
Segundo ela, ainda estamos pagando o custo dessa crise, e o momento difícil que
o Brasil vive hoje é apenas conjuntural e não tem ligação alguma com seu
governo. Para “comprovar” isso, ela citou a situação na União Europeia. Ou
seja, o Brasil não vai mal coisa alguma, quem diz o contrário mente, exagera, e
basta olhar para o baixo crescimento da Europa para ver como estamos, na
verdade, muito bem, obrigado. Haja cara de pau!
Foi repetido duas vezes que
desta vez, ao contrário das crises passadas, o país não parou nem vai parar.
Como é? Então quer dizer que a recessão que experimentamos já em 2014, e que
será repetida em dose maior este ano, não é coisa de um país parado? De fato, é
coisa de um país que está andando para trás, isso sim! Mas Dilma tentou vender
novamente a ilusão de um país que não existe, ou que só existe na cabeça de seu
marqueteiro. Tudo pela propaganda.
Enfim, tratou-se de um
discurso típico de uma líder medíocre, incapaz de um ato de sinceridade para
com o povo, incapaz de reconhecer seus equívocos. Dilma se pega na cartada
sexual – é uma mulher, logo, merece créditos – e também num apelo nacionalista
– precisamos ter fé pois tudo será melhor amanhã. A realidade é bem diferente,
e subtraí-la do brasileiro é um absurdo.
Não sofremos efeitos de uma
suposta crise internacional, pois os países emergentes estão em situação muito
melhor e nossos problemas foram produzidos em casa. Não são problemas
conjunturais, mas estruturais. E não serão resolvidos rapidamente; levarão
muito tempo até serem digeridos, se o governo realmente mudar o rumo. O
discurso eleitoreiro e mentiroso da presidente mostra que a ficha ainda não
caiu, que Dilma ainda prefere culpar os astros pelos problemas que sua
incompetência produziu.
É covardia, ou pior, é uma
insistência asinina no erro. Afinal, talvez Dilma, uma desenvolvimentista,
acredite mesmo em suas baboseiras, ache mesmo que fez tudo certo e que agora
deve apenas fazer pequenas correções, pois o cenário mudou. Se os investidores
acharem que essa é a crença de Dilma, aí é que vão retirar investimentos do
país mesmo, pois sabem que somente uma mudança radical de postura pode salvar
nossa economia, e não sem um grande custo a ser pago no curto prazo.
Por fim, e no auge da vigarice,
Dilma citou o “lamentável episódio com a Petrobras”, como se fosse algo
totalmente sem relação com o seu partido, com a quadrilha que o PT montou
dentro da estatal, sendo que a própria Dilma fora presidente do Conselho da
empresa e ministra de Minas e Energia, além de ter indicado para o comando da
empresa Graça Foster, incapaz, por incompetência ou conivência, de identificar
a roubalheira bem debaixo de seu nariz.
É tratar o povo brasileiro
como idiota. Só que o povo parece ter acordado, e enquanto Dilma mentia em seu
discurso, buzinas e “panelaços” podiam ser ouvidos por várias capitais do país,
como protesto. O povo está cansado de tanta canalhice, e talvez o tiro saia
pela culatra. Afinal, dia 15 de março está logo ali, e o pronunciamento
hipócrita da presidente pode muito bem ter jogado mais lenha na fogueira das
manifestações…
Título e Texto: Rodrigo Constantino, veja,
9-3-2015
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