Alberto Gonçalves
No início do Verão, as
ocasionais sondagens davam uma vantagem razoável do PS sobre a coligação. Os
especialistas, que salpicam análises nas televisões, riam: era óbvio que, dado
o prodigioso talento do Dr. Costa, a vantagem seria muito maior.
Há algumas semanas, uma
sondagem sugeria que o PS e a coligação estariam misteriosamente próximos. Os
especialistas riam: a sondagem era uma anedota que não reflectia o
entusiasmante carisma do Dr. Costa.
Na pré-campanha, sondagens
diárias começaram a introduzir a possibilidade de uma vitória ligeira da
coligação. Os especialistas riam: tratava-se de meras tracking polls,
americanice que não representa nada e jamais contrariaria a esmagadora
superioridade moral do Dr. Costa.
Na campanha propriamente dita,
as tracking polls e uma ou outra sondagem resolveram imaginar um triunfo
relativamente folgado da coligação. Os especialistas riam: descontado o ódio
das massas ao governo, simbolizado no relevante agrupamento Os Lesados do BES,
a verdade é que o avanço se encontrava dentro do empate técnico e, para cúmulo,
tudo constituía uma fraude organizada para "mobilizar" a
"direita" e prejudicar o Dr. Costa.
Na quinta-feira passada, as
derradeiras sondagens repetiam, com maior distância, a vitória da coligação. Os
especialistas riam menos: o povo português não pode ser tão estúpido, além de
que todos os líderes democráticos, com o Dr. Costa à cabeça, ouviam nas ruas o
bom povo a invectivá-los da necessidade de correr com "aqueles gajos".
Ontem, os inquéritos à boca de urna ousavam insinuar que a coligação ganhara as "legislativas", talvez com hipóteses de maioria absoluta. Os especialistas já não riam: limitavam-se a notar, com inteira propriedade, que a maioria absoluta seria improvável e que o importante é que a esquerda unida teria decerto mais mandatos do que a "direita".
Os resultados provisórios,
pelo menos à hora a que escrevo, confirmavam a maioria relativa da coligação.
Os especialistas deixavam escapar uma lágrima: não havia dúvida de que a
"direita" sofrera uma derrota às mãos das "forças sociais"
à esquerda e, como é natural, restava ao Presidente da República enxotar do
poder os dois partidos que concorreram juntos e colocar lá o PS com um ou dois
bandos de terceiro-mundistas detestados por metade dos eleitores socialistas e
9/10 dos portugueses.
Na TVI, uma especialista
enganou-se ao admitir que o Dr. Costa é o grande derrotado da noite: é o Dr.
Costa e são os especialistas. É pô-los também a governar.
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Embora existam já mil e um comentários e análises sobre as eleições e quem ganhou e quem perdeu, não resisto a uma breve análise.
ResponderExcluirComo todos vimos, ouvimos e lemos, quase todos os jornalistas, de quase todos os órgãos de comunicação social (melhor dizendo, órgãos de descomunicação anti-social), com raras e honrosas exceções, e incluo também quase todos os chamados "comentadores", pois toda esta gente pugnou, de forma clara ou velada, pela derrota da coligação PSD/CDS e pela vitória do PS. Destaco especialmente, nos jornais, os seguintes pasquins: DN, JN, Público e Expresso. Entre as TVs foi notória o empenhamento da TVI e da SIC na derrota do Governo. E na rádio destacaria a Antena1 e TSF.
Pois bem, todos estes órgãos verdadeiramente de desinformação foram largamente derrotados. O diretor de informação da SIC Notícias já se demitiu. E os outros diretores não teem vergonha na cara? Ou são como o António Costa e não se demitem? São uns sem vergonha!
Jorge Rodrigues