terça-feira, 6 de outubro de 2015

O fracasso em números

José Manuel

Brasil, Rio de Janeiro 2015 capital da Olimpíada 2016, a imagem da vergonha:

Foto em um morro carioca, em 4 de setembro de 2015, foto: Jornal O Globo



PIB negativo, inflação de dois dígitos, 83.333 demissões por mês, 2.777 por dia, 115 por hora, 2 por minuto.
Por que não admitimos de uma vez que fracassamos, para poder viver em paz e felizes?
Simples assim. Por exemplo, quando uma nação perde uma guerra capitula, assina a paz, ou seja, admite que fracassou e começa a reconstrução outra vez em paz, e feliz.

Em 1974 a taxa de crescimento do PIB no Brasil foi de (+) 9,0 % ao ano, para cima, é claro, num período de feroz ditadura militar segundo as más-línguas atuais, e o país viveu uma extraordinária expansão econômica.

Em 2015, ou seja, 41 anos após, a taxa no momento é de (-) 2,44 ao ano, para baixo, é claro, sem as más-línguas do passado, e o país está em recessão econômica com previsão de piorar nos dois próximos anos.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro e serve para medir o comportamento da economia e, pelos vistos, estamos indo de mal a pior, não, a horrível talvez seja a palavra correta.

Em 1974 nós tínhamos uma população de 105,7 milhões de pessoas. Em 2015 temos uma população de 204,8 milhões. Em 41 anos dobramos a população, mas parece que algo está muito errado. Os números não se interligam, não correspondem.

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 1974, numa escala de 0 a 1, era de 0,674. Em 2015 está em 0,744, uma diferença apenas de 0,70 pontos em 41 anos e estamos na 79ª posição mundial.

Por que não admitimos que erramos todos estes anos principalmente no manejo do nosso voto e começamos tudo de novo?

Por que a referência a 1974?
Se considerarmos que a China em 1974 tinha uma taxa de crescimento do PIB, de 2,3% ao ano, ou seja, menos 7% que a do Brasil à época, uma população de 900,4 milhões à época, ou seja, mais 800 milhões que o Brasil, podemos perceber como estávamos bem naquela época. O bom de poder comparar  os números é que percebemos quem se desenvolveu e quem ficou para trás.

A China hoje tem uma taxa de crescimento do PIB em 7,03 % ao ano, menor que o Brasil em 74 e uma população de 1.400.000.000.

Para finalizar as estatísticas, chegamos à conclusão que o nosso bonde e o nosso trem andazram para trás.

E por falar em bondes, o Rio de Janeiro em 1950 tinha uma das maiores e melhores malhas de trilho para Bondes, VLT, Carris ou o que queiram chamar, do mundo, mas aí nós arrancamos os trilhos, passamos asfalto por cima, quando as maiores e modernas capitais do mundo sempre usaram esse meio de transporte não poluente.

Criamos uma excrecência moderna chamada BRT (Bus Rapid Transit), que não passa de mais uma fila interminável de ônibus, na contramão da história em relação às emissões poluentes e agora recolocamos os trilhos, dos Bondes, VLT…
Fazemos viadutos, quebramos, trocamos por túneis, as vigas os trilhos e os trens usados desparecem num passe de mágica.

A China tem hoje uma rede de 45.000 Km de ferrovias, quase todas operadas por trens-bala, que transportam 660 milhões de pessoas por ano.

Dos 29.798 quilômetros de de ferrovias que existem no Brasil, mais ou menos 10 mil foram construídos pelo imperador D. Pedro II. Como ninguém nunca mais investiu tanto quanto ele em trens, a malha ainda tem cara de século 19 e não satisfaz mais as nossas necessidades há muito tempo. Estamos completamente defasados desde 1950.

A China faz um aeroporto por semana.

Esse desenvolvimento tem nome, chama-se plano diretor. Os planos diretores aqui não existem, quando existem não são revisados a cada cinco anos, e cada prefeito ou governador, os ignora solenemente em nome de suas prioridades políticas.

Quando é que vamos ter um plano diretor técnico, honesto, fundamentado e em benefício da sociedade, baseado em uma moderna progressão habitacional a futuro?

Somos campeões em universidades, não sei para quê tantas em relação ao baixíssimo nível intelectual e pobres em escolas técnicas, que são as que realmente interessam ao país.
Fizemos uma Copa do Mundo com doze arenas.

Perdemos a Copa e as arenas, pois a maioria é subutilizada virando verdadeiros monumentos ao nada. O de Brasília, o mais caro, hoje é um enorme estacionamento para ônibus.

Somos uma potência em tecnologia com a Embraer por exemplo mas um descalabro, um fracasso em áreas primárias como saneamento, escolas e hospitais.
Onde está a coerência?

Estamos fazendo uma Olimpíada no momento errado, em plena recessão. Somos a Grécia do futuro.

Desde lá de cima, do início deste texto eu sequer toquei no assunto político atual. Não é preciso porque as evidências são tão esclarecedoras e aterrorizantes, que escrever sobre isso é pura perda de tempo. A conscientização real que temos que ter é de que vivenciamos um fracasso, sem previsão a futuro e o melhor para que continuemos a ser felizes é apagar tudo e começar outra vez. 

Por que viver uma hipocrisia monumental que cada vez nos leva mais para o fundo do poço?
É bom relembrar que isso aconteceu com os alemães, até ao último dia de guerra, e deu no que deu.
Hoje, 70 anos depois eles são ricos, e felizes 
Título e Texto: José Manuel, quem sabe, imitamos o exemplo, afinal, ainda temos 30 anos de lambuja. 5-10-2015

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