Francisco José Viegas
O silêncio que se abateu sobre
a vinda a Portugal do dissidente cubano Guillermo Fariñas, Prémio Sakharov em
2010, foi ruidoso o suficiente para relembrar a conivência dos intelectuais com
o regime cubano e o fascínio que a ditadura castrista exerceu sobre eles – e
sobre a esquerda que gosta de retratos de Guevara e que fechou os olhos ao
Gulag.
Que o governo tenha recusado
recebê-lo são minudências diplomáticas; que o presidente do Parlamento tenha
mantido igual recusa é uma vergonha.
Que os intelectuais não tenham
tido uma palavra é o normal, fascinados que são pelas ditaduras dos trópicos. A
prova é a mordaça em redor da Venezuela, onde uma ditadura neurótica mantém na
prisão o líder da oposição e se dá ao luxo de nomear um parlamento próprio para
substituir o eleito. Calados, imunes e sem vergonha.
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