sexta-feira, 10 de março de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Em socorro às nossas indagações

Aparecido Raimundo de Souza

Às vezes nos defrontamos com perguntas sem respostas claras, ostensivas e iluminadas. Indagações singelas, modestas, desempanadas de floreios e molduras.  Esclarecimentos bobos que nos perseguem constantemente. Todavia, sem razões aparentes, essas interpelações não nos direcionam a um porto seguro, a um lugar imbuído de salutar confiança e zelo, onde possamos jogar uma réstea de luz em meio a toda essa escuridão e tentar ver algo límpido e cristalino no final do túnel.

Por exemplo, senhoras e senhores, já perceberam que todos, todos, sem exceção, procuram o PODER? Não só ele, mas o que igualmente vem atrelado em seus calcanhares, ou seja, a fama, a notabilidade, a distinção, a popularidade. Sem mencionarmos o frêmito da glória e o escândalo do sucesso?  Num primeiro momento, vamos nos concentrar nos políticos. Nos nossos parlamentares, para sermos mais específicos. Eles querem o PODER, almejam a aura que dele emana, a qualquer custo.

Em nome, pois, dessa autoridade, e da multiplicidade das infindáveis falcatruas que dele evapora, as pessoas (repetindo, para que não se esqueçam, os nossos representantes) perdem a moral, o domínio, a idoneidade, a honestidade, a virtude, o bom senso, a honradez, o respeito e a ética. Sem falarmos no mais importante: a vergonha. Alguns cidadãos levam tão a sério o descaramento, a ousadia, a petulância, a impudência e a desfaçatez, que chegam a ter duas caras distintas. Abraham Lincoln (1809-1865) em seu tempo enfatizava que “Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

Quadro de Rui Oliveira
Como dizíamos, duas caras. Rostos paralelos onde os sentimentos não prosperam. A felicidade não progride. Não dilatam os bons costumes, não encorpam. Menos ainda ascende o senso de dignidade. O amor, notadamente o amor ao próximo, esse então não repara, não alivia, não transpõem picadas e trilhos em busca de novos desafios.

O amor, senhoras e senhores (para essas criaturas) vira as costas, dando lugar a uma podridão imensurável, malcheirosa, seguida de uma fascinação ou obstinação, onde ninguém discerne, aquilata ou percebe o certo do errado. Catrafilados a eles (podridão e fascinação), a surdez esmagante também não fica atrás. Cria asas e se agiganta. Engrandece de tal forma a sua presença maligna, deixando de ouvir a voz dos excluídos e desprezados, se escudando no mesmo trilho, no silêncio daqueles que deveriam gritar a plenos pulmões para nos defender dessa tirania infame.

Esses seres, na verdade, se trancam num covil de lobos e se transformam, em questão de segundos, numa matilha de leões famintos à caça dos alimentos ou das iguarias “fáceis”. Nem precisamos dizer que esses manjares “fáceis”, essas nutrições concisas, explícitas, somos nós, a infindável (e cada dia maior e mais compacta) legião de Manés e Marias Vão Com As Outras. Grosso modo, não passamos de aves irreprodutíveis e imprestáveis. Cassaram nossas línguas e colhões. 

Os nossos políticos, amadas e amados, querem o poder. A glória do comando. A potência de estar por cima da carne seca. Da magra também. A carne seca é a robustez do cargo, a carne magra, o proletariado, ou a classe de imbecis e babacas que somos nessa grande bacia das almas fodidas e sem um porvir menos deteriorado. Sem um ideal. Sem sonhos, vontades e desejos.

Os nossos outorgados aspiram à virtude do mandato. Brigam, se digladiam, se confrontam entre si para tê-lo no peito e na raça.  Aconteça o que acontecer, eles, os fanáticos pelo PODER, querem ter a força do predomínio, a possessão de reinar sem que nada venha a se interpor diante de sua lei maior. Por assim, senhoras e senhores, em nome desse PODER, para conseguir a chave que abre as portas para se chegar até ele, vale tudo. Mentir, desonrar, pisar os mais humildes, ferir, esfolar, matar. Isso mesmo, matar. Prova recente, o abrupto e inexplicável “passamento” do memorável Teori Zavascki. 

Por essa razão, como dissemos logo no início, às vezes nos defrontamos com perguntas sem respostas claras, ostensivas e iluminadas. Indagações singelas, modestas, desempanadas de floreios e molduras.  Esclarecimentos bobos que nos perseguem constantemente. Todavia, sem razões, aparentes, essas interpelações não nos direcionam a um porto seguro, a um lugar imbuído de salutar confiança e zelo, onde possamos jogar uma réstea de luz em meio a toda essa escuridão e tentar ver algo límpido e cristalino no final do túnel.

Vejamos algumas interrogações que nos assolam.  Voltando, evidentemente, a nossa metralhadora direcionada aos políticos. Com essa fome louca pelo PODER, a ganância sem controle para agarrá-lo pelos cabelos, pisando os opressos e atribulados, os macambúzios e angustiados pela má sorte de terem nascido com a bunda (não para a lua, mas com o cu capitaneado) para os olhos negros do desagradável e dilacerante azar, continuam sem explicação:

Como será que essas desgraças (e quando sinalizamos desgraças, englobamos Michel Jackson Temer e seus apaniguados). Como será que essas desgraças conseguem, à noite, em seus palácios e mansões intocáveis, encrustados à beira do Lago Paranoá, com toda segurança ao alcance das mãos, colocar a cabeça no travesseiro e dormir com a tranquilidade de um anjo??!!

No mesmo saco de merda, senhoras e senhores, como esses ratos de esgotos, esses vermes peçonhentos alcunhados de senadores, deputados, ministros, e outras pústulas que mamam e vegetam às nossas custas mostram publicamente suas fuças de filhos da puta perante as câmeras de televisão, sabendo que enganam o povo, botando no rabo da plebe, futricando os desvalidos, ferrando os indefesos, mandando para a casa do caralho os depauperados que simplesmente esperam e clamam, por JUSTIÇA??!! Será que eles têm paz??!!

Quando falamos em justiça, não podemos deixar de gargalhar. Kikikikikiki... Justiça, amadas e amados, é piada de gosto duvidoso na boca do povo. É lama que os seus defensores atiram em nossas dignidades. A justiça não tem respeito, logo, não pode ser RESPEITADA. Resumindo, não temos respostas concretas para esses quesitos. Não temos saída, não temos uma válvula de escape. Sequer um plano “B”.

Vamos abrir um parêntese. Os senhores sabiam que Alexandre de Morais, hoje ministro do STF (Supremo Tribunal das Falcatruas) antes de ser sabatinado (sabatinado??!!... kikiki...) CONFRATERNIZOU com senadores lava-jatistas, em reunião cujo anfitrião, pasmem, o empresário também réu Rodrigo Rangel? Pois é! O jantar que o ilustre Alexandre imaginava, entre aspas, ocorreria na casa de um dos senadores e em terra firme. Contudo, se deu no interior de uma chalana, sobre as águas do Lago Paranoá. Nome da Putana, perdão, chalana. “CHAMPAGNE”.

Essa humilde e tosca embarcação é como se fosse um apartamento flutuante de dois andares. Possui uma ampla sala no primeiro piso e uma suíte no segundo.  Pertence ao senador Wilder Morais (PP-GO). Dessa forma, a tal sabatina, com toda a pompa da imprensa, como vimos nos noticiários, não passou de conversa para boi dormir e dar uma satisfação à sociedade. Concluindo: para ser ministro precisa fazer a lição de casa, ser amigo de Temer e dar um passeio de Chalana. Com direito a escolha. Ou isso, ou na próxima putaria poderá ser transformado numa das galinhas de penas encrespadas pronta para ser servida num outro jantar a bordo da esfuziante Chalana do empresário extravagante Wilder Morais. Fechamos o parêntese aberto.      

Na lista dos bons meninos que não fazem xixi na cama, podemos citar outros nomes. Eliseu Padilha, José Serra o (ET de Varginha), Edson Lobão, Gilberto Kassab, Romero Jucá, Moreira Franco, entre outros. No geral, uma parte pequena da corja infindável de malandros e vagabundos, envolvidos em escândalos de corrupção. E o mais engraçado, todos eles apostam numa figura simples e singela: a IMPUNIDADE.

A impunidade sempre prevalecerá. E estará, haja o que houver, à frente desse vandalismo desenfreado que nos assusta. Para completar o quadro pintado pelo destino, a DESMEMÓRIA DOS ELEITORES, A AUSÊNCIA GRITANTE DA FALTA DE BRIO E DE CARÁTER DO ZÉ POVINHO.  E, AINDA, UM DADO IRRELEVANTE QUE NÃO PODEMOS DEIXAR DE MENCIONAR: A PASSIVIDADE DE TODOS NÓS, FILHOS DESSE BRASIL DE MERDA. NÓS, DIRETAMENTE AJUDAMOS NO CRESCIMENTO DA DESONRA AO DESMÉRITO DE UM PAÍS METIDO NO CAOS TOTAL.  

Por derradeiro, senhoras e senhores, em meio a tantas indagações e perguntas sem respostas, gostaríamos de saber, se esses infames, esses desgraçados, esses vermes, esses vândalos que hoje nos crucificam, em nome do PODER, que buscam incansavelmente SER DEUS, amanhã, ou depois, na velhice, se, apesar de todas as riquezas, de todas as falcatruas que aprontaram, de todos os altos postos que conseguiram galgar, se terão a hombridade, a dignidade, a cara de pau, de deixarem para todos nós que sofremos em suas unhas e comemos o pão que o diabo amassou palavras iguais a estas, que abaixo transcrevemos, do grande Steve Jobs, quando em seu leito de morte.

Talvez essas palavras (não sabemos, que julguem as senhoras e os senhores) talvez elas, mais que qualquer coisa nessa vida, de uma vez por todas tornem sedimentadas as nossas dúvidas mais secretas e respondam, com precisão britânica, a todas as perguntas que grafamos neste texto.

“Cheguei ao topo do sucesso nos negócios. Aos olhos dos outros, minha vida tem sido símbolo de sucesso. No entanto, além do trabalho, tenho pouca alegria. Enfim, minha riqueza é simplesmente um fato ao qual estou acostumado. Neste momento, estou na cama de um hospital lembrando de toda minha vida e percebo que todos os elogios e riquezas dos quais estava tão orgulhoso tornaram-se insignificantes na iminência da morte. No escuro, quando vejo a luz verde e escuto o ruído do equipamento de respiração artificial, posso sentir a respiração da morte se aproximar. Só agora entendo que, uma vez que você acumular dinheiro suficiente para o resto de sua vida, devemos seguir outros objetivos que não estão relacionados ao dinheiro. Histórias de amor, arte, sonhos de infância… Não deixar de perseguir a riqueza só pode tornar alguém fracassado, assim como eu. Fomos criados de forma que possamos sentir amor no coração e não ilusões construídas pela fama ou dinheiro, como fiz em toda minha vida e não posso levar comigo. As únicas coisas que posso levar são as lembranças que o amor fortaleceu. Esta é a verdadeira riqueza que te acompanhará, lhe dará força e luz para ir em frente. O amor pode viajar milhares de quilômetros e assim a vida não tem limites.

Vá para onde queira ir. Esforce-se para alcançar objetivos. Tudo está em seu coração e em suas mãos. Sabe qual é a cama mais cara do mundo? A de um hospital. Se você tem dinheiro, pode pagar alguém para dirigir seu carro, só que não pode pagar alguém para sofrer sua doença. Os bens materiais perdidos, podem ser encontrados. A única coisa que você não reencontra depois de perder é a vida. Seja qual for a fase da vida em que estamos agora, no final, teremos de enfrentar o dia em que as cortinas se abaixam. Valorize o amor pela sua família, pelo seu companheiro, pelos seus amigos… Trate-se bem e cuide do próximo.” (“Steve Jobs” - Isaacson, Walter -   2011 - Companhia das Letras). 

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Título e texto: Aparecido Raimundo de Souzajornalista. Do Sítio ”Shangri-La” – Um lugar perdido no meio do nada. 9-3-2017

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