Valdemar Habitzreuter
Hoje é o último dia do
carnaval e é o seu ápice. O que me chamou a atenção foi a Escola de Samba
Unidos de Vila Maria de São Paulo homenageando N.S. Aparecida pelos 300 anos de
História desde o aparecimento de sua estatueta encontrada no rio Paraíba em 1717
por pescadores. O que está acontecendo? Carnaval e religião dando-se as mãos?
Sabe-se que o carnaval sempre
foi considerado pela Igreja como uma festa de origem pagã em que se comemorava
a chegada da primavera (na Europa) como um tempo de fertilidade da terra,
quando o castigante inverno cedia lugar à profusão de alimentos para o delírio
do povo. Daí as festas em comemoração às dádivas dos deuses em que excessos de
glutonia, bebedeira e orgias corriam soltas; e o cristianismo recém
estabelecido (sec. II e III?) nada pôde fazer contra a não ser marcar logo em
seguida a data do período da quaresma, com início na quarta-feira de cinzas até
a sexta-feira santa; período esse de sensatez, recolhimento e penitência em que
os cristãos se preparam para a celebração da páscoa.
A Igreja sempre viu o carnaval
como uma festa profana; no entanto, a tolera e, inclusive, a inseriu no
calendário gregoriano, talvez, com o propósito de chamar a atenção dos cristãos
da futilidade do evento e propondo-lhes uma outra festa, a festa da verdadeira
alegria da páscoa – a alegria da fertilidade da vida espiritual cristã.
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Foto: Chico Ros |
Pois bem, como diz Heráclito:
“o rio flui e não é possível banhar-se nas mesmas águas...” Assim, a vida passa
e os carnavais, anos após anos, nos contam histórias diferentes; já não se
enfatiza tão acentuadamente a licenciosidade dos prazeres da carne, mas
manifestações culturais e artísticas do espírito humano. Se a alegria
exuberante está presente nessas manifestações é porque as pessoas se contagiam
de felicidade nos ritos da dança, alegorias e adereços. Nada de escandaloso,
pois, culturas de matizes diferentes darem-se as mãos - Igreja e Carnaval em
transformação?...
Título e Texto: Valdemar
Habitzreuter, 28-2-2017
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