Nas últimas décadas, presidentes de vários
países republicanos passaram a pleitear a reeleição indefinida para o cargo que
ocupam. Quando necessário, eles chegam até a alterar a Constituição de seus
respectivos países — ou a recorrer ao Judiciário, cujos integrantes das mais
altas cortes são normalmente escolhidos por eles — para tentar perpetuar-se no
Poder.
Neste sentido, a Suprema Corte da Bolívia autorizou há pouco Evo Morales
a concorrer ao seu quarto mandato. Somado aos anteriores, serão 19 anos
de reinado, digo, de presidência.
Isso não obstante 51% dos votantes daquele país lhe terem negado, no
plebiscito de janeiro de 2016, a possibilidade de reeleição. A decisão da
Suprema Corte boliviana é um exemplo de judicialização da
política, uma nova forma de impor “democraticamente”, goela abaixo, o que foi
rejeitado democraticamente.
Com isso, fica suficientemente exposta a manipulação do sistema
republicano. Os que defendem essa reeleição indefinida não querem os Reis de
antigamente, cujos governos são hereditários e avessos às demagogias, mas
querem aventureiros que sequestram o Estado pelo tempo que for conveniente à
ideologia que defendem.
Tais manobras jurídico-políticas visam levar os países onde são
praticadas a uma situação análoga à da Venezuela de Hugo Chávez e de seu
“delfim” Nicolás Maduro, cuja meta é Cuba, sequestrada por Fidel Castro, que
passou o poder ao seu irmão Raul; ou então a Coreia do Norte, com três gerações
de tiranos no poder, de pai para filho; ou ainda a Rússia, onde Putin tem a
pretensão de tornar-se um novo “czar”…
Ou seja, será uma caricatura grotesca da forma de governo monárquica que
eles tanto detestam. A corrupção da Monarquia, segundo Santo Tomás,
tem um nome: Tirania.
Título e Texto: Frederico
Hosanan Sitonio, Revista Catolicismo, Nº 805, janeiro/2018. ABIM,
12-1-2018
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