Cristina Miranda
Era imperioso voltar a este
tema. Sobretudo depois das reações de algumas senhoras ao meu texto sobre assédio sexual. A discussão
instalou-se no seio de algumas leitoras que de repente atacam como se houvesse
discordância sobre o essencial. Mas há dúvida que TODAS as mulheres do
Mundo abominam a violência e o abuso sexual sobre as mesmas? Pelo
visto, sim. E a razão é muito simples: a ideologia do ódio já chegou também
aqui.
O marxismo cultural é das
ideologias mais perigosas que existem pela forma como se infiltra nas sociedades
sem que as pessoas alvo se deem conta. Fraturam, segregam e criam caos com
recurso ao radicalismo extremista, para criar um novo Mundo facilmente
dominável e dependente. É assim com os movimentos LGBT, com a questão
islâmica, com as minorias e agora as feministas. Como se estas questões
não pudessem ser resolvidas com discursos moderados e sensatos apelando à
aceitação e integração sem ódios. O problema é que do lado dos
radicais não há espaço para o meio termo. Para o equilíbrio. Ou é tudo ou nada.
Propositadamente. E é aqui que surgem as crispações.
Quando me insurjo contra as
feministas extremistas não é porque aceito o assédio sexual. Abomino o assédio
em todas as suas formas, sobre todas as pessoas, sejam mulheres, homens,
idosos, crianças, deficientes, mendigos ou gays. É sim, porque abomino
a ligeireza de rotular tudo como assédio. Porque o assédio é uma forma
criminosa de subjugação, já contemplado na nossa legislação, a que ninguém pode
ficar indiferente. Mas, cuidado! Passar de uma sociedade de homem machista que
oprime e desrespeita mulheres para uma sociedade feminista machista que
persegue agora os homens, não é evoluir. É inverter papeis de domínio.
Não quero que no futuro meu
filho seja vítima desta loucura e vê-lo um dia ser preso porque tentou seduzir
naturalmente alguém. As fronteiras entre o galanteio e o assédio estão
de tal forma ténues que o simples olhar para uma rapariga bonita que passa na
rua já é condenado. Foi exatamente isso que eu vi no programa da SIC, “E se
Fosse Consigo”, em que uma miúda contabilizava de forma negativa todos
os homens que a observavam à sua passagem como se isso fosse algo de
terrível. Mas agora o que é belo não pode ter reação? O que andamos nós a
ensinar à nova geração? A odiar? Por outro lado, que reação
teriam as senhoras se um homem desfilasse na passadeira vermelha de Hollywood
com uma vestimenta que pusesse seu sexo à mostra tal como algumas atrizes?
Achariam ou não, provocatório? E se todas olhassem para ele, seria
assédio? E levanta logo uma outra questão muito pertinente: e se for uma
mulher a olhar para outra mulher bonita à sua passagem, é assédio? A
ambiguidade desta questão levanta problemas sérios porque apesar de eu ser
mulher nada me garante que outra fêmea homossexual não se sinta violada pelos
meus olhos. E é esta questão interpretativa do que é ou não assédio,
que convém travar antes que se torne lei.
Outra questão que não suporto
ouvir é que as mulheres não violam, não agridem, nem são protagonistas de
assédio sexual. É falso. Elas não só fazem isto tudo como usam o
assédio para atingir fins, sejam económicos, sejam profissionais. E nisto são
peritas. Sejamos honestos.
Dizem essas feministas para se
justificarem que, a existirem, estas mulheres são em número
reduzido. Falso outra vez. O que a vida me mostrou é que, não há
queixas de assédio sexual por parte dos homens porque eles simplesmente
não o veem como crime. Aceitam e gostam. Não entram nunca por uma
esquadra adentro para se queixarem do assédio (e elas sabem disso). Daí o
silêncio das estatísticas.
Mas não são os únicos neste
silêncio. Em tempos fui perseguida até ao limite por uma mulher a quem me
neguei dar atenção depois de uma entrevista de trabalho. Seguiram-se ameaças
constantes, mensagens e telefonemas a qualquer hora do dia e noite. Acabou
por desistir. Mas ainda hoje guardo tudo no telemóvel por precaução. Noutro
episódio, num vestiário de uma loja de roupa, fui descaradamente tocada pela
modista que me apertava o vestido. Nunca mais lá voltei. Dizer-se que o
assédio é uma mera questão masculina é redutor. Desde a libertação LGBT somos
todos alvos. E elas, também agem de forma patológica sobre as vítimas. E
nós mulheres também nos calamos sobre o assédio feminino.
As mulheres tardam em perceber
que o fenómeno do assédio sexual masculino só se combate na educação de
berço. Que são ELAS que têm o poder como mães de mudar esta realidade e
que se temos os homens que temos é precisamente devido à educação que receberam
ou não receberam da parte delas.
Porque todo o menino que
aprende a respeitar, amar e proteger as meninas, com o exemplo dos pais em
casa, não se torna num predador sexual.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
23-1-2018
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