Maria Lucia Victor Barbosa
O Partido dos Trabalhadores sempre foi uma
ilusão. Prometeu ser o partido mais ético do mundo, aquele que vinha para mudar
o que havia de sujo na política, mas aperfeiçoou e levou a extremos nunca
vistos a corrupção.
O PT criou uma figura
populista, boa de lábia, adestrada em lides sindicais. A criatura foi
endeusada, chamada de estadista e, simultaneamente, de pobre operário.
Entretanto, Lula da Silva sempre foi uma farsa. Simulou ser de esquerda, mas
deixou de lado a ideologia e enveredou pelo pragmatismo optando pelo lado de
cima. Deu migalhas aos pobres chamando
isso de inclusão, enquanto convivia muito bem com empreiteiros, banqueiros,
grandes empresários.
Pretendeu ser o líder da
esquerda latino-americana e, para isso, cumulou os hermanos esquerdistas com
recursos do BNDES, ou seja, do povo brasileiro, mas o líder da esquerda nessa
parte atrasada do mundo que se destacou depois do então doente e decrépito
Fidel Casto foi Hugo Chávez. Dois déspotas que, em nome da esquerda conduziram
seus países à desgraça, como, aliás, Lula e o PT nos conduziram.
Lula, os companheiros
petistas, os amigos do lado de cima, os políticos, que se não primavam pela
virtude entraram também de modo exacerbado no roubo da coisa pública, foram
longe demais. Contudo, não contavam com o fato de que as circunstâncias mudam.
Sobretudo, não imaginavam o surgimento de uma novidade muito importante
observado pelo jornalista Azevedo do Correio Brasiliense. Disse este, que
enquanto a cúpula política não mudou e segue envelhecida mantendo os mesmos
hábitos e comportamentos, uma nova elite (elite no sentido verdadeiro do termo
que quer dizer produto de qualidade) surgiu no Judiciário composta por juízes,
promotores, desembargadores, ministros. Acrescente-se que essa elite, nova
também na idade, segue as escolas de Direito americana e inglesa, muito mais
objetivas e técnicas.
Naturalmente, não se pode
esquecer que permanecem no cenário jurídico os magistrados seguidores do
Direito Romano, cultivadores dos discursos cheios de floreios. Eles são lentos
nos julgamentos ou os protelam indefinidamente, descobrem ou criam brechas nas
leis por onde a Justiça escoa.
Expoente da nova elite do
Judiciário é o Juiz Sérgio Moro, que já pôs na cadeia mais de uma centena de
larápios de colarinho branco e mandachuvas petistas. Com relação a esses casos
nenhuma queixa do PT. Nenhum gesto de solidariedade de Lula em favor de seus
fiéis companheiros ou dos amigos poderosos que interagiram com ele em
falcatruas e o sustentaram nababescamente.
Mas, por ter sido condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
no caso do Tríplex do Guarujá e condenando a nove anos e seis meses de prisão
pelo o juiz Sérgio Moro, tem desqualificado, insultado, ameaçado o magistrado
juntamente com os companheiros.
Para piorar a situação
petista, os três desembargadores do TRF4, João Pedro Gebran Neto, Leandro
Paulsen e Victor Laus, representantes da nova elite do Judiciário, de modo
eficiente, técnico, objetivo justo e legal, levaram Lula à lona ao confirmar unanimemente
a sentença do Juiz Moro, com diferença do aumento da pena: doze anos e um mês
em regime fechado. Com isso, Lula e o PT ficaram mais alucinados.
A partir daí Lula fica ou deveria
ficar inelegível e ser preso. Mas no Brasil existem muitos tribunais, muitos
recursos, muitos jeitos de burlar a lei e, certamente, o caso chegará ao
Supremo Tribunal Federal onde se tem assistidos a decisões que mudam ao sabor
das circunstâncias, gambiarras judiciais para acertar certas situações,
julgamentos de teor político e não legal. além da ingerência em atos que
pertencem ao Executivo e ao Legislativo.
Portanto, é nessa instância
mais alta do Judiciário que Lula poderá se livrar de todos seus crimes,
conforme afirmou a ré senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (Folha de S.
Paulo, 29/01/2018) em que pese o ex-presidente ter chamados os ministros do STF
de acovardados.
Apesar do resto de esperança,
os petistas estão cada vez mais alucinados. A senadora ré fala em mortes se
Lula for preso. O senador Lindbergh quer
mais da “esquerda frouxa”, sonha com um milhão de pessoas nas ruas para
defender seu guru, aposta na violência. E o PT afirma que levará a candidatura
do Lula até às últimas consequências. Também se espalha o boato de que haverá
convulsão social se o ex-presidente for preso.
No fundo os petistas temem mesmo é não se eleger ou reeleger dada a
desmoralização da sigla. Resta esbravejar e achincalhar a Justiça,
especialmente a nova elite do Judiciário. Nada além de alucinações, bravatas,
farsas.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga,
30-1-2018
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